Marinha Mercante: aproximando povos desde os tempos mais remotos

Ramo civil da Marinha, a Marinha Mercante é o conjunto das organizações, pessoas, embarcações e outros recursos dedicados às atividades marítimas, fluviais e lacustres.

A Marinha Mercante é organizada a nível mundial e é vista por pessoas que fazem parte dela como um meio de aproximação entre povos desde a era dos Fenícios, que data de 1.500 a.C.

No Brasil, desde um decreto de 1962 do então primeiro-ministro Tancredo Neves, 28 de dezembro é o Dia da Marinha Mercante, em homenagem ao nascimento de Visconde de Mauá, patrono da instituição.

O Portal Costa do Sol conversou com o Comandante Carlos Amantes, formado pelo Centro de Instruções Almirante Graça Aranha (Ciaga) em 1978, para entender um pouco mais do universo da Marinha Mercante.

“[A Marinha Mercante] é o meio de transporte mais barato e que consegue levar uma quantidade de produtos incomparável se pensarmos em outro transporte qualquer”, afirmou o comandante.

“Além, claro de ser um elo de união entre países e continentes, a economia mundial gira em torno de comprar e vender e não haveria essa ciranda, sem um transporte marítimo, fluvial e as vezes lacustre”, concluiu Amantes.

Os caminhos para chegar ao posto de marinheiro mercante, muitas vezes, passam pelo caminho da Marinha de Guerra, como explicou o comandante ouvido pela reportagem.

“Muitas vezes o pretendente ao cargo não distingue entre marinha de guerra e marinha mercante, na verdade elas estão entrelaçadas, uma depende da outra. No Brasil essa dependência ainda mais viva, posto que a formação mercante é toda gerenciada pela marinha de Guerra”, pontuou Amantes.

Os oficiais geralmente vêm dos Centros de Formação existentes, como o Ciaga, no Rio de janeiro, e o Centro de Instruções Almirante Braz de Aguiar (Ciaba), em Belém.

Como em qualquer profissão, entrar para a Marinha Mercante tem seus benefícios e desvantagens. Entre as principais dificuldades, segundo Amantes, está ficar longe da família por muito tempo.

“É preciso ter muita coragem e dedicação, foco na carreira, porque a saudade da família e o fato de ficar socialmente um tanto quanto deslocado faz com que muitos desistam”, ressaltou o comandante.

Já entre os pontos fortes, na visão de Amantes, estão “bons salários, em geral acima da média daqueles pagos em terra, e conhecer o mundo”.

De conhecer o mundo, o mineiro de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, entende bem. Após ter vendido biscoitos na infância, dos 7 aos 15 anos para ajudar nas contas da casa, Carlos se mudou para o Rio com a família e conseguiu entrar para a Marinha Mercante.

“Formei-me na Escola de Oficiais do CIAGA quando havia um slogan do Governo Militar “Conheça o Mundo Servindo” e fui de fato servir ao Brasil, conhecendo o mundo”, afirmou o comandante.

Entre os lugares e momentos que visitou ou presenciou, Amantes destacou os Estados Unidos, Canadá, a Torre Eiffel, em Paris, a troca da guarda real em Londres, na Inglaterra, e vários outros, como Itália, Portugal, Alemanha, Nova Zelândia e até mesmo a Rússia, quando ainda era União Soviética.

Além disso, o marinheiro comentou sobre a “oportunidade ímpar” de visitar Belém e Jerusalém, em Israel, quando caminhou pela Via Crucis, “onde Jesus fora forçado a caminhar carregando a cruz”.

“Lá se vão 42 anos depois de formado. Desde então, [estou me] aperfeiçoando em vários cursos complementares e necessários à carreira, sendo os últimos 20 anos dedicados a embarques em plataformas de perfuração de petróleo”, explicou Amantes.

Sobre a trajetória, o comandante atribui a uma série de fatores que vão de esforços pessoais a proteção divina, passando por professores e pelos pais.

“Meus pais sempre nos diziam, apesar das dificuldades, na necessidade de trabalharem ainda crianças, vocês nunca vão parar de estudar. Acho que eu os ouço até hoje, porque continuo estudando. Obrigado, Sr. Tindor e Sra. Maria de Tindor”, finalizou o marinheiro.

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