Lagoa de Araruama: A recuperação ambiental e o renascimento da pesca em Iguaba Grande

O maior ecossistema lagunar hipersalino do mundo se encontra em terras brasileiras. A Lagoa de Araruama, localizada na Região dos Lagos, influencia tanto no aspecto social quanto no econômico da região.

Além de Araruama, a laguna banha cinco outras cidades como Saquarema, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo. A recuperação ambiental da Lagoa, finalizada em 2022, impulsionou o turismo, as atividades náuticas e pesqueiras.

“Hoje, estimasse que mais de 80% dos efluentes são coletados, tratados e devolvidos ao corpo hídrico da Lagoa de Araruama, de modo que, no passado, principalmente no final da década de 90, a lagoa colapsou pela ineficiência do sistema de tratamento de efluentes, e a sociedade se revoltou, ouve a privatização do serviço e a melhoria a partir disso paulatinamente”, explica o professor e especialista em ciências ambientais, Eduardo Pimenta.

Antigamente, não havia coleta e tratamento de esgoto na lagoa, com isso, a laguna chegou a um estado de degradação ambiental rapidamente, através da coleta em tempo seco, a cobertura na área de concessão saiu de zero para 80%. A eficiência das concessionárias de tratamento de efluentes e de oferta de água da Região dos Lagos, foram fundamentais para recuperação da saúde ambiental da lagoa.

De acordo com dados do Inea, 85% das praias lagunares estão em boas ou ótimas condições de balneabilidade, o que reflete diretamente na saúde ambiental da lagoa e na produção pesqueira, que a décadas não se destacava como vem acontecendo nos últimos 5 anos.

“A pesca melhorou muito, e também a saúde, as condições da saúde ambiental da lagoa contribuíram diretamente para incrementação da cadeia produtiva setorial pesqueira, também refletindo positivamente no turismo, nos esportes náuticos e na balneabilidade para os turistas e moradores que utilizam as praias lagunares de Araruama”, conclui Pimenta.

Para o pescado, a lagoa oferece uma grande variedade e qualidade, sendo um dos grandes produtores do mercado. Segundo o Secretário de Agricultura, Abastecimento e Pesca do Município de Iguaba Grande, Vagnei Lessa chaves, atualmente, existem algumas ações especificas com os pescadores da região para manter a qualidade da água e do pescado. Dessa forma, coletando periodicamente a água para análise, utilizando uma malha especifica para a rede, priorizando a não utilização de materiais que venham contaminar a Lagoa, e sempre utilizando a prática da Pesca Artesanal.

A Lagoa de Araruama recuperou o equilíbrio, trazendo de volta as atividades náuticas, pesqueira, o turismo, as aves migratórias, e o retorno de outras espécies como o cavalo-marinho.

“Temos a Portaria Federal do Defeso da Lagoa de Araruama, que ajuda na preservação e multiplicação das espécies nos meses de agosto, setembro e outubro. Além da fiscalização dos guardas ambientais sobre a utilização da malha correta na rede do pescado”, explica Vagnei.

A Prolagos em parceria com a prefeitura de Iguaba Grande, criou o projeto de construção da colônia dos pescadores Z-29, através do subprojeto “Vida na Lagoa”, com o objetivo de fortalecer os pescadores para atuarem no mercado de trabalho, assim, preservando sua história e apoiando o desenvolvimento turístico da cidade.

Ainda segundo o Secretário de Agricultura, Abastecimento e Pesca de Iguaba Grande, a colônia dos pescadores é extrema importante para o município e para a Lagoa, pois ela auxilia os produtores nos seus direitos, orientando no recebimento do auxílio defeso e na comunicação com os órgão do setor.

A Gerente de Responsabilidade Social da Prolagos, Simony Dias, destaca que a cidade de Iguaba Grande era a única que ainda não possuía uma colônia, por isso a concessionária fechou uma parceria com a prefeitura para oferecer esse espaço que ajuda os pescadores, as famílias e a comunidade local na promoção da sua cultura, economia e lazer.

“Para preservar a natureza e pensar no futuro, é necessário investir em conscientização da sociedade e em ações concretas que possam perpetuar um legado ambiental para essa e as próximas gerações. Cada um dos mais de 10 projetos realizados pela Prolagos anualmente, é desenvolvido respeitando a particularidade de cada localidade”, destaca Simony.

De acordo com Simony, em 1998 não existia tratamento de esgoto e toda a contribuição corria direto para a lagoa de Araruama, em 2023, 80% do esgoto da região é coletado e 100% do material capitado é tratado. “Para blindar a lagoa, a concessionaria já implantou 38 quilômetros de cinturão, coletor de esgoto, que contribuirão com a melhora da qualidade ambiental da laguna, resultando em recorde de pescado e desenvolvimento do turismo, além de duas praias com o símbolo bandeira azul”, explica.

A Lagoa de Araruama, teve suas primeiras praias certificadas pelo símbolo Bandeira Azul, se tornando a única do Brasil a ter praias lagunares com o reconhecimento internacional. Uma dessas praias é a de Ubás, em Iguaba Grande. A Bandeira Azul é um selo de qualidade das praias que distingue o esforço de diversas entidades em tornar possível o desenvolvimento local e o respeito pelo ambiente.

Em 25 anos de concessão a Prolagos investiu mais de 1,4 bilhão em saneamento básico, representando mais que o dobro do investimento realizados por habitantes que tange a média nacional de acordo com o Instituto Trata Brasil.

“Com a mudança da lagoa percebemos uma melhora na qualidade da água, uma lagoa mais limpa, com boa qualidade do pescado e algumas espécies que não tinham e agora estão aparecendo”, destaca o Presidente da Colônia Z-29 (Iguaba Grande), Cícero Vanderley Neto.

O pescador também destacou como a profissão transformou a sua vida: “A pesca foi uma transformação na minha vida porque graças a ela eu mudei de profissão. Sou nordestino e no ano de 1990, fui convidado por um amigo a vir morar em Iguaba Grande, já com 25 anos, me interessei pela prática da pesca e comecei a utilizar como fonte de renda. Hoje trabalho com compra e venda de pescado e tenho uma renda estável, tudo através da pesca”, conclui.

A prática pesqueira tem um grande potencial na Região dos Lagos, podendo gerar recursos e sustento para milhares de famílias de forma sustentável. A pesca é uma ponte para o desenvolvimento econômico das cidades do entorno da lagoa, ajudando a população a construir novos empreendimentos que enriquecem a região. A revitalização da lagoa está deixando um importante legado para os pescadores, suas famílias e para toda a cadeia econômica envolvida no processo.

Por Letícia Zamboni

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