Segundo o endocrinologista, Dr. João Rebelo, a obesidade hoje é considerada uma epidemia global. Os dados mais recentes da pesquisa Vigitel ( Ministério da Saúde) mostram que 22,4% da população acima de 18 anos tem obesidade, ou seja mais de 1/5 da população. Além disso, quase seis em cada dez brasileiros (57,25%) estavam com sobrepeso, ou seja mais de 122 milhões de pessoas estão acima do peso.
“Os números também são alarmantes para a população infantil, onde a cada 3 crianças no Brasil, temos uma acima do peso. Em relação à dados internacionais, sabemos que a obesidade mundial quase triplicou desde 1975, atualmente mais de 1,9 bilhão de pessoas no mundo apresentam excesso de peso. Destas, mais de 650 milhões têm obesidade”, destacou.
Para entender mais sobre a doença o Portal Costa do Sol entrevistou o médico, Dr. João Rebelo, que possui residência em Clínica Médica e Endocrinologia pelo Hospital Federal da Lagoa e mestrado em Endocrinologia pela UFRJ.
O que é obesidade?
Eu gosto de começar a responder essa pergunta dizendo justamente o que NÃO é obesidade; obesidade NÃO é consequência apenas de muita comida e pouco ou nenhum exercício, e ela NÃO é decorrente da falta de força de vontade. A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo, onde a causa fundamental é o desequilíbrio energético entre as calorias consumidas e as calorias gastas.
Esse equilíbrio é influenciado por muitos fatores, alguns dos quais estão fora de nosso controle.
Um dos parâmetros mais utilizados para classificar sobrepeso e obesidade em adultos é o IMC (índice de massa corpórea). Ele é calculado a partir da divisão do peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado. Um adulto com IMC maior ou igual a 25 é classificado como sobrepeso e um adulto com IMC maior ou igual a 30 é classificado como paciente com obesidade.
Qual é a causa da obesidade?
Como eu disse anteriormente, a obesidade não é uma condição decorrente de falta de força de vontade ou simplesmente de comer demais e não fazer exercícios.
Os mecanismos são muito mais complexos e envolvem diversos fatores. Para se ter ideia, até 70% da predisposição ao ganho de peso é ligado a genética e história familiar, além disso temos outros fatores (hormonais, inflamatórios e medicamentos) que vão influenciar principalmente na regulação de fome, saciedade e metabolismo dessas pessoas.
Em um mundo onde temos cada vez mais opções de comida o tempo todo e alimentos ultra processados, industrializados e ricos em gorduras e açúcar, aqueles com mais predisposição tendem a se tornar pacientes com obesidade.
Além disso, quando uma pessoa perde peso, os hormônios podem permanecer desequilibrados por muito tempo. Isso significa que, mesmo após emagrecer, é possível sentir uma fome incomum para compensar a perda de peso. É como se fosse uma batalha do próprio organismo para voltar ao peso anterior, levando ao efeito sanfona tão comum visto nessa doença e por esse motivo é importante frisar que se trata de uma doença crônica, já que esses mecanismos irão perdurar permanentemente.
Quando que a obesidade é perigosa?
Estar com obesidade é um risco para saúde.
Estudos mostram que em pacientes com obesidade o risco de mortalidade é significativamente maior, havendo uma relação direta entre nível de IMC e diminuição da expectativa de vida. Além disso, a obesidade aumenta significativamente o risco de desenvolver e/ou piorar mais de 200 doenças, entre elas; diabetes tipo 2 ( 3 vezes mais risco), câncer, hipertensão, osteoartrite, apneia do sono e esteatose hepática. 74% dos óbitos no Brasil acontecem por doenças relacionadas à obesidade.
Além disso, a doença por si só diminui muito a qualidade de vida, visto que pode afetar a mobilidade e causar ou piorar dores nos pacientes.
Quais os tratamentos disponíveis hoje para obesidade?
Antes de falar das opções disponíveis para o tratamento, precisamos enfatizar que existe tratamento para essa doença e ele deve ser utilizado. Há muitos anos, existe um estigma e preconceito ao redor tanto da doença quanto do tratamento que acaba por afastar as pessoas que realmente necessitam dele. E esse estigma muitas vezes também está presente no médico. Para se ter uma idéia, das pessoas que vivem com obesidade apenas 20% recebem algum tratamento e 81% das pessoas acham que a responsabilidade de perder peso é individual.
A importância do tratamento é diminuir as comorbidades, aumentar expectativa de vida e melhorar a qualidade da mesma.
Outra informação muito importante é que para ver benefícios do tratamento, perdas pequenas de peso já mostram grande impacto.
Estudos mostram que perdas de 5-10% de peso já melhoram colesterol, mobilidade, esteatose hepática, qualidade de vida, sintomas depressivos entre outras comorbidades e sintomas. Já perdas de 15% reduzem a mortalidade.
O tratamento precisa englobar mudanças no estilo de vida, com foco em reeducação alimentar e exercícios físicos.
O tratamento multidisciplinar aumenta muito a chance de sucesso, sendo importante um profissional de nutrição junto ao médico endocrinologista e por vezes, pode ser necessário também acompanhamento psicológico.
O tratamento medicamentoso deve se somar as mudanças de estilo de vida e está indicado quando o IMC é maior ou igual a 30 ou maior ou igual a 25 associado a doenças (como diabetes tipo 2 e hipertensão), lembrando que a individualização é muito importante. Por isso, o acompanhamento médico é primordial para que o profissional escolha a melhor opção, monitore se o tratamento está funcionando ou não, para ajustar a dose e conversar com o paciente sobre as expectativas do tratamento.
Hoje, estão disponíveis no Brasil quatro medicações aprovadas para a obesidade: a liraglutida, a sibutramina, o orlistate e a combinação de bupropiona com naltrexona. E a melhor opção para cada paciente é muito individual e necessita de avaliação médica.
O tempo de tratamento também é objeto de muita confusão, muitos pacientes acreditam que as medicações devem ser usadas por pouco tempo, mas na verdade se estamos falando de uma doença crônica, a tendência é que a medicação seja usada por um longo prazo ou até mesmo por toda a vida, em alguns casos.
O tratamento da obesidade também inclui a realização de cirurgia bariátrica, que é indicada para as pessoas que não tiveram uma resposta adequada à mudança do estilo de vida nem ao tratamento com medicações e que possuem IMC maior que 40 ou maior que 35 e que também tenham comorbidades.
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