Marcos Serpa lança documentário sobre Comunidade Quilombola

“Como todo jornalista somos apaixonados por contar uma boa história”

O jornalista Marcos Serpa lança na próxima quinta-feira (13) o Documentário “Sobara para Sempre!” O lançamento acontece às 20h, no YouTube da AraruTV, e na TV para os assinantes do Canal 10- Cabo Frio TV.

O documentário, beneficiado pela Lei Aldir Blanc, mostra a história e como vivem os quilombolas que habitam o bairro Sobara em São Vicente de Paulo, 3º distrito de Araruama. Os quilombolas são comunidades construídas a partir dos escravos fugitivos entre o século XVI e 1888, quando houve a abolição da escravatura.

Marcos Serpa nasceu no Rio de Janeiro, morou em Duque de Caxias até 1998, quando veio com seu filho com 1 ano de idade e sua espoca Andréa para a cidade de Araruama, “em busca de uma vida mais tranquila”.

   “Tive uma banda, cantava e tocava teclado. Ambos, muito mal”

Marcos Serpa começou sua trajetória como jornalista (como a maioria dos formados nas décadas de 70/80/90), escrevendo em jornais enquanto frequentava a Faculdade Pinheiro Guimarães.

Depois do Plano Collor, tive que interromper os estudos e só voltei em 2007, na primeira turma de Comunicação Social da Universidade Veiga de Almeida – Cabo Frio. Nesse meio tempo, continuei escrevendo e diagramando jornais, mas sempre como uma atividade paralela. Trabalhava principalmente com música (tive uma banda, na qual cantava e tocava teclado, ambos muito mal) e sonorização de shows e eventos nesse período. Em 2010, depois de finalmente formado, editei algumas edições de um bem-humorado jornal chamado “O Carapeba” – o trabalho que mais gostei de fazer até hoje no jornalismo. Logo depois, editei a Revista BPD – Bem Pertinho Daqui, até 2016. No audiovisual, comecei a AraruTV em 2008, a primeira WebTV do interior do Estado, e que hoje faz parte da Rede Canal 10, onde exibimos nossas produções, e atualmente gerencio a programação da Cabo Frio TV, desde 2019. 

Recentemente Marcos ministrou uma Oficina Audiovisual (novembro e dezembro de 2021) no Sindicato dos Servidores Municipais, e pretende fazer outras em breve.

   “A ideia desse documentário tem mais de 10 anos”

  • Como surgiu a ideia de fazer um filme sobre a comunidade quilombola de Sobara e por que?

A ideia já tem mais de 10 anos, e seria feito pela AraruTV. Mas como era um projeto mais trabalhoso e caro, e não tínhamos patrocínio para tal realização, o documentário foi sendo adiado indefinidamente. É o primeiro trabalho que faço desse gênero, e a cada gravação, passei a acreditar cada vez mais na importância do audiovisual na preservação da memória recente local. Quando soube do edital da Lei Aldir Blanc, chamei alguns amigos fazedores de cultura e propus oferecermos alguns projetos. E o Jorge Carapeba, um desses amigos, se interessou em tomar a frente e protagonizar o Sobara Para Sempre.

“Infelizmente, a Araruama que eu conheci há quarenta anos não existe mais. Tudo passa. Mas essas memórias precisam ser permanentemente registradas e cuidadas, por textos, fotos e vídeos, e disponibilizadas a quem interessar. E, como todo jornalista, somos apaixonados por contar boas histórias, seja no impresso ou no audiovisual”

Durante a produção e execução do documentário, o jornalista Marcos Serpa percebeu as diversas demandas reprimidas da comunidade quilombola, como não existência de um segmento da educação a partir do 6º ano, melhoria das estradas, entre tantos.

A comunidade vem buscando alternativas e ideias para explorar seus potenciais e viabilizar sua autossuficiência econômica. Capacitação para mão de obra, organização de cooperativas, opções de segurança alimentar a médio e longo prazo, são algumas das demandas urgentes que percebi.Eles têm uma educação considerada satisfatória para as crianças, mas sentem falta do ensino local para além do 6º ano, que tem que ser feito em outros bairros. A acessibilidade em período de chuvas é muito ruim, o que inviabiliza o deslocamento. Problemas com a violência e roubos começam a surgir também. Mas o que mais os preocupa é a saúde. Desde 2019, eles têm um posto local, porém surgem relatos constantes de dores de cabeça sem motivo aparente, e a suspeita é de que possa ser reflexo do uso de agrotóxicos nas grandes plantações de cana do entorno.

“Os quilombolas sofrem com dor de cabeça constante, que pode ser efeito de agrotóxico nas plantações do entorno”

O audiovisual foi um dos segmentos que mais sofreu com a pandemia. Você acredita que, com essa retomada do cinema, ainda que de forma restrita, possa fazer com que a categoria recupere esse tempo?

Realmente, foram dois anos terríveis em todos os sentidos. Acredito, e espero, que a produção audiovisual ganhe fôlego, sim. Esse tempo perdido, ao meu ver, não se recupera, mas se renova. E que possamos nos esforçar para usufruí-lo ao máximo enquanto o temos.

Como todo bom jornalista, aficionado por contar histórias, Marcos Serpa ainda lançará um outro filme, este sobre o 4º distrito, Praia Seca, no próximo dia 20 deste mês.

Logo depois do lançamento do documentário sobre Sobara, no dia 20 vamos lançar o segundo documentário, “Praia Seca de Todos os Tempos”, um filme do outro Carapeba – o Marcelo “Carapeba” Lopes – e meu. Uma delícia de trabalho. Espero que seja tão bom para quem vai assistir, quanto para nós que o fizemos. 

Eu e o jornalista Marcelo Araújo estamos trabalhando no projeto do livro “As novas cores da política de Araruama”, uma espécie de sequência não-oficial do livro “Todas as cores da política de Araruama”, do nosso querido amigo e padrinho no jornalismo local, Leo Anelhe. Pra fechar o ano, ainda pretendo botar no papel uma ideia que surgiu durante as pesquisas do “As novas cores…”,, desta vez, focando na história do jornal O Carapeba e seus “causos”. O livro já tem até nome, dado por outro grande amigo, o jornalista Carlos Ney: “Acabou o Papel”.

Como veem, Marcos Serpa é um jornalista cheio de ideias e boas histórias pra contar. Sorte a nossa e do Centro de Memória na Casa de Cultura José Geraldo Caú, local que irá desfrutar e conservar em seu acervo, trabalho tão rico e necessário.

Facebook: Marcos Serpa

@marcosserpasurreal

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