Valorização e ancestralidade: roteiro resgata histórias e cultura dos quilombos de Cabo Frio

Além do circuito, Centro de Tradições e atividades educacionais contam a influência quilombola na sociedade

Para resgatar e proteger a história e a ancestralidade, um Roteiro Turístico de Base Comunitária, voltado para os quilombos de Cabo Frio, está sendo preparado de forma conjunta entre o poder público e lideranças locais. Com o objetivo de difundir o conhecimento sobre as raízes históricas no entorno da Fazenda Campos Novos, o projeto é baseado na história local e nas dinâmicas sociais de cada quilombo, incluindo culinária, dança, costumes e outras influências.

Além do roteiro, a Prefeitura de Cabo Frio está movimentando outras frentes de trabalho que difundem as influências quilombolas e afro-brasileiras, como a Feira do Produtor Rural e o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas municipais, além de cuidados específicos para a saúde da comunidade, entre outras ações.

O Roteiro Turístico de Base Comunitária será voltado para os quilombos Maria Romana, Preto Forro, Botafogo, Maria Joaquina e Espírito Santo. A ideia é que o percurso inclua paradas para as atividades em cada quilombo, totalizando aproximadamente um trajeto de 32 km, a partir do núcleo quilombola em Botafogo. Em cada espaço deve ser abordada a história local e as dinâmicas sociais.

Centro de Referência da Herança Africana e Tradições Quilombolas

Além do Roteiro Turístico de Base Comunitária, Tamoios abrigará o Centro de Referência da Herança Africana e Tradições Quilombolas, na Fazenda Campos Novos. A implantação do Centro é baseada na importância histórica da Fazenda de Campos Novos para a população negra de Cabo Frio, desde a sua inauguração, em 1630.

O Centro de Referência da Herança Africana e Tradições Quilombolas terá o objetivo de colaborar para a manutenção da memória histórica dos últimos séculos, e que continua sendo construída pelos remanescentes de quilombolas. A iniciativa é mais um fruto da parceria estabelecida entre a Prefeitura de Cabo Frio e a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).

O Centro de Referência da Herança Africana e Tradições Quilombolas ficará localizado junto a um museu científico e à escola de extensão da universidade. A implantação do Centro de Referência passa ainda pela criação de uma Comissão Mista de Estudos, com participação governamental e atuação direta da sociedade civil. A formação tem duração de dois meses, podendo ser prorrogada por igual período.

Ensino público que dá luz às raízes

O Serviço de Ensino de História e Cultura afro-brasileira e indígena da Secretaria de Educação, dinamizado pela professora Aline Costa dos Santos, oferece capacitação aos professores da rede em observância a Lei Nº 10.639/2003 e Nº 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e indígena nas escolas, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‐raciais (2007) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola (2012). Entre as formações oferecidas desde 2021 em Cabo Frio estão atividades relacionadas à educação antirracista, artes afro, literatura afro-brasileira e resgate da cultura indígena.

Ao longo do ano, atividades de empoderamento negro e resgate histórico foram realizadas, como oficinas de turbantes, desfile de beleza negra e oficina com roda de conversa sobre abayomis e dança afro em escolas de atendimento a remanescentes quilombolas. Além disso a equipe da Secretaria de Educação atua na edição e organização de mais um volume de caderno pedagógico que será encaminhado às Unidades Escolares com sugestões de atividades, materiais e textos de estudo e aplicação de projetos e atividades sobre cultura afro e indígena.

Estão previstas, para o atual ano letivo, atividades sobre etnomatemática e em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Federal Baiano (UFB), Instituto Federal Fluminense – Campus Cabo Frio (IFF – Cabo Frio), para momentos formativos com temáticas voltadas à educação quilombola e implementação das leis.

“Foi um ano muito proveitoso com as atividades promovidas pelo serviço de Ensino de História e Cultura afro-brasileira e indígena, com total apoio da Secretaria de Educação e da Prefeitura. E com as parcerias para o ano de 2022 poderemos fazer ainda mais nas ações de empoderamento e visibilidade da História e Cultura Afro-Brasileira e indígena nas escolas da rede municipal de Cabo Frio”, comentou a professora Aline Costa dos Santos.

Para a secretária de Educação, Elicéa da Silveira, a aplicação das Leis Nº10.639 e Nº11645 são de grande importância para que os alunos compreendam as relações da população negra e indígena na sociedade cabo-friense e no contexto do país.

“A Secretaria de Educação conta com excelentes profissionais na Gerência Educacional que tratam da aplicação dos conteúdos e da fomentação de atividades que atendam o que é exigido pelas duas leis. E não apenas como forma de cumprir o que está previsto, mas para que os mais de 40 mil alunos da rede entendam o papel de cada um na construção do coletivo”, comentou.

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