Araruama, é caracterizado como um sítio de contato, pois lá encontraram artefatos que remontam à história dos tupinambás que tiveram contato com os franceses no período colonial.
Franceses no Brasil, num período onde em teoria só haviam portugueses? Decidi usar como referência um Artigo da Revista de Arqueologia, volume 32, n°2 de 2019, ‘O Sítio Serrano’, escrito pelas arqueólogas: Jeanne Cordeiro, Ângela Buarque e Alice Táboas – para tentar explicar essa questão.
É valido ressaltar que no período colonial, Portugal e outros países europeus como França, Inglaterra, Holanda e Espanha, estavam buscando outras terras fora da Europa para expandir seu território e comércio. Nesse período foi criado um sistema de comércio baseado na ação de intérpretes, em maioria os franceses por dominarem a língua nativa, coordenavam as trocas de mercadorias da colônia por produtos europeus, que ficou conhecido como truchement e seus praticantes eram chamados de ‘linguoas’ pelos portugueses, e assim integram-se ao litoral. Portanto eles, os franceses, foram responsáveis por organizar e mobilizar a força de trabalho nativa para escalas do tráfico do pau-brasil, possivelmente aliados aos tupinambás. A aliança foi dada justamente pelo trato diferenciado dos portugueses, pois os franceses eram mais liberais com os nativos.
Existe uma representação de Escala de Tráfico da Laguna de Araruama, denominada ‘Lescalle de Paratitou’, onde as autoras do artigo levantam a hipótese da escala, pela semelhança do nome da localidade com a localização do sítio arqueológico, por ficar justamente no Bairro Paracatu, em Araruama.
O Sítio Serrano é um sítio arqueológico que foi destruído, onde a exploração dos areais ‘venceu a memória’, e causou uma grande lacuna. Mas foi desse sítio arqueológico que foi retirada uma das peças mais importantes exibidas na exposição ‘Entre dois mundos: Franceses de Paratitou, tupinambá de Rouen’, que foi a cota de malha, sobrevivente a uma dupla destruição, o verdadeiro remanescente da força da Memória, pois vivenciou o triste episódio do Incêndio do Museu Nacional também.
A cota de malha não foi o único objeto importante encontrado nesse sítio, temos os produtos líticos, vidros, miçangas azuis, o grés, e artefatos em cerâmica. Deixo a imagem da cota de malha, pois representa bem a luta que é trabalhar com a cultura, memória e ciência no Brasil, principalmente no âmbito patrimonial com a falta de estrutura dos museus e a escassez de orçamentos para continuação das pesquisas, somado às falhas de fiscalização faz com que a sociedade hoje, tenha uma possibilidade pífia de conhecer o passado com grandes ícones como foi a cota de Malha francesa achada aqui.
Estive, hoje, 7/6/22, na Casa da Cultura e lá recebi uma Aula de conhecimento. Sim, A maiúsculo. Quem propiciou essa Aula? Aline Vecchi! Fiz um tour pelo passado de Araruama. Obrigado Aline!
Eu que agradeço a visita!