Saquarema reabre à visitação pública Sambaqui da Beirada que estava fechado por conta da pandemia

A partir desta quarta-feira, 03 de novembro, a Prefeitura de Saquarema retomará as atividades no sítio arqueológico Sambaqui da Beirada. Localizado no bairro de Barra Nova e um dos poucos abertos à visitação pública no país, o sítio estava fechado desde março de 2020. A reabertura à visitação faz parte do plano de retomada cultural, após o período de restrições acentuadas devido à fase mais crítica da pandemia de Covid-19. O sítio poderá ser visitado gratuitamente, nesta primeira fase de retomada de atividades, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 14h às 17h.

A Prefeitura aproveitou o período de fechamento e submeteu o Sambaqui da Beirada a serviços de conservação e prevenção. O cercamento de eucalipto, que estava deteriorado, foi substituído e agora está, inclusive, mais robusto e adequado à função de proteção. A criação de um sistema de drenagem superficial para evitar que a água da chuva da área externa invada o sítio, também foi necessária para melhor preservar o local. Tudo preparado para o futuro processo de revitalização, que adotará uma inovadora proposta para a forma de lidar com o visitante de todas as origens.

A Revitalização

Já foi finalizada pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura, a elaboração de um projeto para a criação do Centro de Interpretação do Sambaqui da Beirada, dotado de um novo conceito de espaço cultural, referenciado no modelo de turismo adotado em Portugal, que possibilitará ao visitante acesso a informações detalhadas sobre a pré-história de toda a Região, por meio de novos mecanismos educativos, com ênfase na interação.

Uma das melhorias previstas no projeto de revitalização será a cobertura da área escavada que hoje se encontra em exposição, de modo a garantir melhores condições ambientais de preservação, aumentando o conforto e valorizando a experiência do visitante. A ideia é estabelecer uma comunicação mais adequada quanto à relevância dos sítios arqueológicos, com a criação de um espaço de educação voltado principalmente para os públicos infantil e adolescente, explicando o uso dos achados e artefatos, e dotado, inclusive, de cenários simulando como era a vida dos sambaquieiros. A proposta é, também, contextualizar melhor o sítio, mostrando sua relação com o território do entorno e a lagoa e, para isso, até um mirante será criado. Está sendo estudada, ainda, a realização de passeios guiados, englobando o Sítio da Beirada e o Sítio da Pontinha, que fica a 100 metros de distância, entre outras melhorias e atrações. Tudo para que as pessoas, ao interpretarem o sítio arqueológico, passem a entender um pouco mais sobre o período pré-histórico no Brasil.

O projeto conceitual de revitalização do Sambaqui da Beirada foi encaminhado, dia 30 de outubro, para análise da Superintendência do Rio de Janeiro do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, uma vez que o sítio é registrado pelo instituto, desde 1975, por sua relevância arqueológica para a cultura brasileira. Conforme explicado no projeto, “A visitação a esse complexo arqueológico ajudará a consolidar a identidade cultural de Saquarema, associada à ciência e à pesquisa da pré-história brasileira. Considerando essa apropriação da comunidade local, o sentimento de pertencimento se torna importante fator de preservação dos sítios pela população e visitantes de Saquarema.”

O Sambaqui da Beirada

Sambaqui, amontoado de conchas ou moluscos na língua Tupi, é o tipo de sítio arqueológico deixado por povos pré-históricos que habitavam a costa brasileira até 8 mil anos atrás. São espaços de moradias temporárias de populações pré-históricas que viviam dos recursos que o meio ambiente fornecia. Geralmente, são constituídos por ossos de peixes, pássaros e mamíferos, além de conchas de moluscos e outros materiais orgânicos. Esses sítios são importantes fontes de estudos e seu conteúdo pode fornecer detalhes sobre a vida dos primeiros habitantes do local, sua alimentação e conhecimentos, bem como sobre a fauna e a flora da época.

Os povos que viveram no Sambaqui da Beirada eram pescadores, coletores e caçadores. Em forma de meia colina, o sítio, cuja datação é de 4.520 anos e a área total de 1.890 m², é coberto por ubatãs de grandes dimensões, além de espécies como camboins, figueiras e cactáceos armazenadores de água. Durante escavações arqueológicas realizadas para estudo, foram encontrados artefatos de pedra, lâminas feitas de quartzo, dentes e vértebras de tubarão, vestígios de fogueira e ossadas humanas, memória da remota ocupação de Saquarema, hoje disponível à apreciação de todos.

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