Mulher na política: a falta de representatividade em uma conta que não fecha

A participação de mulheres enquanto eleitoras no processo democrático brasileiro não começou junto com as eleições no Brasil. O voto feminino foi uma conquista de 1932, há 90 anos.

Hoje em dia, existe um esforço da Justiça Eleitoral para incluir as mulheres, que são maioria da população brasileira, com cerca de 52% da composição de gênero, dentro do processo, não só como eleitoras, mas como candidatas.

Inclusive, em 1997, foi criada uma lei que determina que 30% de todas as candidaturas de um partido ou coligação nas eleições sejam compostas por mulheres, porém, não são poucos os casos de fraude: partidos que colocam candidaturas fantasmas para cumprir a cota.

Em São Pedro da Aldeia, por exemplo, por conta das eleições de 2016, os diretórios municipais do Solidariedade e do PRB, atual Republicanos, foram condenados na Justiça por indícios de fraude no processo eleitoral.

Mesmo em 2020, diversas denúncias nesse sentido continuaram sendo feitas. Em Araruama, o Republicanos chegou a ser condenado a ter suas votações anuladas por fraude à cota de gênero. O que poderia fazer com que o vereador da sigla, Sérgio Murillo, perdesse o mandato. O caso corre na Justiça.

Se nas candidaturas já existe uma defeituosa distribuição, não tinha como os resultados serem diferentes. Na Região dos Lagos, de Saquarema a Armação dos Búzios, são 86 vereadores. Apenas oito são mulheres.

Em Saquarema, de 13 pessoas que compõem a Câmara dos Vereadores, três são do sexo feminino. Em Araruama, apenas duas das 17 cadeiras são ocupadas por mulheres.

São Pedro da Aldeia até que tem uma vereadora entre 10 parlamentares, mas em Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, ambas com nove vereadores, o número de mulheres eleitas foi igual a zero.

Na maior cidade da Região dos Lagos, Cabo Frio, para as 17 vagas do Legislativo, duas mulheres foram eleitas para a Câmara em 2020: Alexandra Codeço (REP) e Carol Midori (DC). A última, protetora animal de carreira, inclusive, foi a parlamentar mais votada da cidade, com expressivos 2.450 votos.

Em entrevista ao Portal Costa do Sol, Carol relembrou que não é só em Cabo Frio que o número de mulheres no legislativo e em cargos públicos é bem menor que os homens.

Percebo, e inclusive passei por isso: os partidos políticos NÃO criam incentivos para as mulheres disputarem os cargos eletivos. É preciso criar campanhas que incentivem as mulheres a entrar na política”, apontou a vereadora.

Para Carol, ter sido a candidata mais votada nas eleições de 2020 em Cabo Frio significa já alguma mudança na mentalidade do eleitor.

Além de mulher, eu sou ativista de uma causa que muitos não consideram como essencial, que são os animais. Tenho certeza de que muitos ficaram surpresos com a minha expressiva votação, foram quase 500 votos de diferença do segundo mais votado. Tenho certeza de que hoje a sociedade de Cabo Frio já consegue ver como nós mulheres podemos representar a população com eficiência”, afirmou.

A vereadora disse que quando assumiu o cargo, foi muito bem recebida pela Casa Legislativa e pelos colegas, ela considera que foi sempre tratada com muito respeito.

Porém eu sempre senti um certo preconceito de uma parte da própria população, que julgam muito as mulheres que estão no poder, como se a mulher não tivesse o mérito por estar ocupando um lugar de destaque. Mas acredito que toda sociedade já vem mudando muito esse pensamento e cada vez mais vejo mulheres incríveis se destacando em todas as áreas”, ponderou.

Carol, por fim deixou uma mensagem para as mulheres:

Que todas vocês possam reativar os seus sonhos e objetivos e nunca se esquecer de que nós somos capazes de ocupar o espaço e o lugar que quisermos. Grande beijo a todas”.

Por Luiz Felipe Rodrigues, sob a supervisão de Renata Castanho.

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