Dezembro Vermelho: Conscientização e luta contra a AIDS

O Dezembro Vermelho é uma campanha marcada pelo Dia Mundial de Combate à AIDS, logo no dia 1º do mês. O último balanço do Ministério da Saúde mostra que o Brasil registrou, em 2019, 41.919 novos casos de infectados pelo HIV. A maior parte do contingente de novos infectados são homens gays e bissexuais.

Contudo, existe uma preocupação por conta dos casos em outros públicos, como as gestantes, por exemplo. Em entrevista à reportagem, a Drª Apparecida Monteiro, infectologista da rede pública de Cabo Frio há mais de 30 anos, comentou os esforços feitos para reduzir tais ocorrências.

“A gente tem visto mulheres heterossexuais com seus parceiros sexuais se contaminando. Mulheres descobrindo o HIV no final da gestação por não ter acesso adequado ao pré-natal. Inclusive, a OMS, através da UNAIDS, está trabalhando muito para erradicar crianças nascendo com o vírus HIV”, afirmou a médica.

“Ninguém está imune ao HIV. A gente tem visto um aumento de casos entre homens que fazem sexo com homens, mas não excluindo heterossexuais, não excluindo mulheres, porque a gente tem visto também acontecendo esses outros casos”, concluiu Drª Apparecida.

Nos anos 80, não havia diagnóstico da presença do HIV para prevenção à AIDS. Só fazia o teste quem já apresentava sintomas avançados da doença. Portanto, a mortalidade da síndrome era praticamente certa.

Com antiretrovirais sendo criados, o tratamento passou a ser mais efetivo, a ponto de impedir que a transmissão do HIV se consolide em um caso de AIDS e chegue até a fazer com que o soropositivo tenha carga viral indetectável e, portanto, sequer transmita a doença.

Segundo estudos, a qualidade de vida de um indivíduo que faz o tratamento regular da doença é similar à de uma pessoa com sorologia negativa.

O psicólogo Leonardo Aprigio, de 26 anos, vive no Rio de Janeiro e foi diagnosticado com HIV aos 17.

“Eu fui diagnosticado em 2012. Naquela época não se tinha tantas informações como se tem hoje. A primeira reação que eu tive foi achar que eu tinha pouco tempo de vida. Foi um dos meus receios naquele momento”, contou Aprigio.

Nos últimos nove anos, Leo sente mudanças na relação entre os soropositivos e a sociedade, mas ressalta que essas evoluções são lentas.

“As mudanças têm sido a passos pequenos falando de um contexto social, mas, nos últimos nove anos, a gente consegue perceber uma certa melhora. Até por conta dos avanços das tecnologias de prevenção”, apontou o psicólogo.

Apesar das opções de tratamento, segundo o Ministério da Saúde, 10.565 pessoas morreram de AIDS no Brasil em 2019.

“Entre os fatores para isso estão o estigma, o não-acesso aos serviços de saúde, a falta de suporte. A questão do suporte social mesmo. Esse ano, a gente teve óbitos em Cabo Frio de pessoas que nunca fizeram exame e descobriram o HIV e entraram em depressão profunda e não quiseram tratar”, lamentou a infectologista Apparecida.

Leonardo, que trabalha em uma rede de apoio a pessoas com HIV também comentou a questão das mortes causadas pela AIDS. Segundo ele, apenas entre 60 e 70% dos soropositivos em tratamento tomam os medicamentos de forma regular.

“A rede já existe há 12 anos e, durante todos esses anos, não tem um que a gente não tenha perdido alguém devido a essas condições. Muitas das vezes, porque carregavam sentimento de culpa, não-aceitação ou até mesmo a falta de sentido na construção da vida”, apontou Leonardo.

Os moradores da Região dos Lagos contam com locais para tratamento a AIDS e outras IST’s, como o Hospital Dia, na Rua Expedicionários da Pátria, no bairro cabo-friense de São Cristóvão, e para acolhimento em locais como a Associação Filantrópica a AIDS de Araruama (Afada), que fica na Rua Garcia, nº 50, no bairro Mataruna.

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