Voluntários transformam Lagoa de Jacarepiá em símbolo de preservação ambiental em Saquarema

Há vinte anos, a Lagoa de Jacarepiá, em Saquarema, era um espelho d’água doce quase sem vida, com o solo exposto e pouca vegetação. Hoje, o local é um oásis de sombra e biodiversidade, um contraste que só foi possível graças ao trabalho incansável da Associação dos Amigos da Lagoa de Jacarepiá (Amila). Fundada por moradores e voluntários, a associação iniciou um meticuloso trabalho de reflorestamento, plantando espécies nativas da Mata Atlântica, como algodoeiro-da-praia, aroeira e figueira, que transformaram a paisagem e criaram um balneário natural apreciado por crianças e idosos.

Os integrantes Ellen Ramos e Marcus participaram do podcast “Impacto Positivo”, comandando pela radialista Leyla Falcão, da Costa do Sol FM. Eles contaram que a atuação da Amila, no entanto, vai muito além do paisagismo. A associação promove uma série de projetos que integram a comunidade, como o “Um Dia Limpando o Parque”, iniciativa de limpeza e reflorestamento do Parque Estadual da Costa do Sol, área de restinga adjacente que sofre com incêndios criminosos e descarte irregular de lixo. Além disso, mantém um projeto social de futebol para crianças do bairro do Comum, região carente do entorno, e desenvolve ações de educação ambiental em escolas, impactando centenas de estudantes.

A inclusão é outro pilar importante. A associação disponibiliza uma cadeira anfíbia, permitindo que pessoas com mobilidade reduzida ou atípicas também possam desfrutar do banho de lagoa. Esse compromisso com o bem-estar coletivo mostra a visão ampla do grupo, que enxerga a preservação ambiental intimamente ligada à qualidade de vida e ao acesso democrático aos espaços naturais.

Recentemente, a Amila fortaleceu sua atuação com um projeto de reciclagem, recolhendo materiais como garrafas PET, latas e papelão diretamente nas residências. A iniciativa, que também é uma fonte de renda para manter os outros projetos, busca combater a falta de coleta seletiva no município. O sonho atual da associação é conseguir um contêiner para funcionar como um ponto de coleta voluntário, um projeto já protocolado na prefeitura.

O legado do trabalho é visível, mas os desafios permanecem. Os voluntários ainda enfrentam problemas como vandalismo, roubo de placas de identificação das árvores e a ameaça constante de incêndios, agravada pela falta de infraestrutura pública como hidrantes. A motivação para continuar, segundo os membros, vem da paixão pelo local e da memória de Vinícius Mendes, presidente da associação que faleceu em 2024 e foi uma força motriz para expandir e profissionalizar as ações do grupo.

Para o futuro, a Amila sonha em ter uma sede física e ver uma cogestão efetiva do parque estadual, unindo poder público e sociedade civil. O aprendizado, como definem os voluntários, é que cuidar do meio ambiente é uma ação diária e coletiva, essencial para construir um futuro mais leve e sustentável para as próximas gerações que frequentam a lagoa.

Por Luigi do Valle

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com

Conteúdo não disponível para cópia