Hoje vamos falar em específico de um sítio arqueológico, o Sítio do Hospício, caracterizado como sítio histórico, pelos pesquisadores e arqueólogos Alfredo Claussen de Souza Neto e Armando Pereira, localizado na Praia do hospício.
Segundo a pesquisa Arqueológica, foi levantada a hipótese de que teriam funcionado uma Igreja, um Cemitério e um convento no local. A Igreja foi erguida em 1732, com o Orago São Sebastião, e sendo finalizada em 1738 com o convento, para abrigar religiosos que ali rezassem a Missa.
Em 1739, o Frei Lucas de São Francisco visitou o convento e recomendou que o local não deveria ser chamado de hospício pois não havia estrutura apropriada. O autor usa a terminologia da palavra Hospício retirado da “Encyclopedia e diccionario Internacional”, volume X, seu significado seria ‘Casa de Caridade onde se recebeu pessoas pobres’. Com isso o autor sugere que a palavra hospício foi usada para denominar o convento, no sentido de hospital para doenças mentais – sentido esse que não é usado atualmente. Outro detalhe é que no convento, não existia o regime de claustro.
Em 1799 é criada a Freguesia de São Sebastião, ainda ligada ao Município de Cabo Frio, e para que a capela fosse promovida à Matriz seria necessária a mudança de local e a construção de outra sede, que só acontece em 1866, a Paróquia São Sebastião de Araruama que conhecemos hoje.
No Livro, Apontamentos sobre Arararuama, Dr. Sylvio Lamas de Vasconcellos também menciona que junto a capela existia a hospedaria ou casa de aposentadoria dos frades, chamadas de “hospício”, que corresponde à localidade da Ponta do Anzol e termina na foz do Rio Mataruna.
O Mistério da Praia do Hospício é justamente no mau uso da palavra como se fosse sinônimo de manicômio ou asilo dos loucos; já o significado antigo, ‘convento ou casa religiosa pequena, onde se agasalham os religiosos da ordem que passam pela terra onde está o hospício’; porém o que muita gente não sabe é que com o significado usado atualmente é ‘estabelecimento onde se dá hospedagem e/ou tratamento gratuitos a pessoas pobres ou doentes; asilo, abrigo’, ou seja, tem maior similaridade com seu significado antigo.
Outra questão abordada pelos pesquisadores é a falta pesquisa histórica, ou ausência de referências que acabam deixando lacunas gigantes na história, e atrapalha a conclusão das hipóteses de pesquisas arqueológicas na região, e acrescento que atrapalham não só a arqueologia, mas várias outras áreas do conhecimento. Dessa vez usei como referência o documento, Projeto Arqueológico Sítio do Hospício, Universidade Estácio de Sá, com autoria de Alfredo Claussen e Armando Pereira, do ano de 1990, disponível no acervo do Centro de Memória Municipal Dr. Sylvio Lamas de Vasconcellos. Até a próxima!
Aline Vecchi