O ato de ler nos transporta para lugares inimagináveis, então gostaria de dividir algumas experiências interessantes que contam no Livro ‘Araruama: no tempo das histórias’, publicação disponível nas Bibliotecas Municipais. E aqui vamos nós para outra história da nossa Araruama em ‘vale a pena imaginar de novo’; dessa vez trago um pouco da história da Educação no Município, com ênfase em um dos personagens mais importantes da história individual, que é o professor.
Segundo o depoimento de Raymundo Gonçalves de Oliveira, que morava no bairro de Boa Perna, onde fica localizada ‘Escola de Araruama’. “Ali era a escola pública, do professor Gusmão. […] não tinha muito aluno, trinta alunos, mais ou menos. […] Eu sei que, até 1912, ainda existia essa escola.’ Sr. Raymundo lembra ainda que ‘teve a escola de Dona Balbina ali do lado do rio, na esquina onde é de Macedo Soares, hoje. Tinha outra lá em na Boa Vista, que eu frequentei[…]’.
Já no depoimento de Clodomiro Soares de Souza (Miro Soares) ele relata que aqui em Araruama (centro) não existia escola, ‘Eu arranjei um colégio em Iguaba que dava pensão. […] Mais tarde veio o Grupo Escolar Aníbal Benévolo, que foi ali onde é a casa da família de Elísio Luís.’ E cita algumas professoras da época, Dona Enedina, Dona Sílvia, Dona Margarida, Dona Justina Freire e dona Jurema.
No depoimento de Lýdia Alves da Silva Pinto e Isabel Verena da Silva, complementam a informação de que Araruama não havia colégio, foram estudar em Petrópolis, e quando voltaram a irmã de Lygia, Dona Zizinha foi ser professora, ela deu aula por 14 anos no colégio Nair Valladares ‘onde é hoje a casa de Guido. De um Lado era o cartório, e do outro era o colégio.’ Antes de ir estudar em Petrópolis, estudavam com Dona Sinhá, filha do capitão Pereira. Neste mesmo depoimento relatam que o colégio Nair Valladares, se transforma em grupo escolar Aníbal Benévolo, e depois mudam o nome para Edmundo Silva. Elas relatam um fato curioso:
Havia aquele exame que existe até hoje para professora. As professoras eram destinadas pro Estado do Rio inteiro. Maria Umbelina veio de São Gonçalo, Margarida veio de Petrópolis e um monte de professoras chegava aqui, conhecia rapaz aqui, casava e ficava. Foi o caso de Margarida, que casou com Silvio Pinto; de Umbelina, que casou com Aristheu Guimarães e uma série de outras. Na época, havia até um apelido: “Marido de Professora”.
Gegê Araújo deixou de casar com uma professora, porque ele disse que não queria perder o nome dele. […] Diziam que “Marido de professora” era malandro. (SECRETARIA, 1992, p. 23-24)
Quem diria que o processo de formação das escolas viria com um apelido desses? Deixando um pouco o machismo da época de lado, apesar de ainda persistir, ser marido ou esposa de um professor deveria ser orgulho para quem está ao lado de um e tem o privilégio de participar da dificuldade que é exercer essa profissão que muitas das vezes assim como a minha, exige um exercício constante do profissional que trabalha sem a devida estrutura.
Lembrando que os depoimentos orais podem ser imprecisos e desconexos, e que também existem falha na memória da pessoa que faz o relato, cabe quem analisa obter parâmetros de análise para suprir essas inconsistências, e mais uma vez o papel da pesquisa e dos professores são tão importantes inclusive para as ciências. Fica aqui a singela homenagem aos professores e o chamamento para novas pesquisas acadêmicas, cabendo uma pesquisa muito maior, essa é apenas uma pincelada do pouco que descobri sobre a educação no Município.
O crédito da Imagem, sempre do Ilustríssimo Clóvis Brasil.