Lagoa de Araruama limpa novamente atrai moradores e turistas

Para falar sobre isso e os investimentos feitos em saneamento e abastecimento de água, conversamos com o diretor da Concessionária Águas de Juturnaíba, Carlos Gontijo

Carlos Gontijo, economista, pós graduado em Desenvolvimento Gerencial, Negócios e Finanças, profundo conhecedor do funcionamento da empresa, entrou no Grupo Águas do Brasil como gerente comercial em 2002 e desde 2009 é o Diretor da Agência que abrange os Municípios de Araruama, Saquarema e Silva Jardim com abastecimento de água e saneamento de esgoto. Os 3 Municípios juntos somam 1.927 km e uma população atendida de 304.887 mil habitantes.

A Lagoa de Araruama sofreu processo de poluição durante muitos anos e tem voltado à vida. O que aconteceu pra ela estar novamente limpa?

_Nos dois últimos anos ela melhorou bastante por um conjunto de fatores. Primeiro, nós aumentamos bastante a captação de esgoto, mas no segundo semestre de 2019 e 2020 nós tivemos muitas ressacas, que facilitaram o ingresso de água pra renovação, lá no Canal de Itajuru. A gente tem que tirar os esgotos de dentro da Lagoa e esperar pela dragagem realizada pelo Instituto Estadual de Ambiente (INEA) porque além de tirar o que está dentro, a gente precisa de recirculação, pois ainda temos muito sedimento dentro da lagoa.

A Organização Mundial de Saúde diz que cada dólar investido em saneamento são economizados cerca de 4 dólares em Saúde. “Sim, principalmente evitamos as doenças de veiculação hídrica que atingem principalmente as crianças”, diz ele.

_Quando assumimos a concessão em 1998, nós tínhamos uma estação de tratamento de água com uma capacidade de reproduzir 600 litros de água por segundo. Hoje ela tem a capacidade de atendimento de 1100 litros por segundo. Em 1998 eu tinha capacidade de produzir 58 milhões e 800 mil litros de água em 1 dia. Hoje eu produzo 95 milhões e 40 mil litros de água por dia.

No meio ambiente a expansão e a eficiência dos serviços de saneamento reduzem a degradação da natureza, preservam os biomas e estimulam o turismo. Carlos Gontijo diz que, quando assumiu, não havia nenhuma coleta e saneamento.

_Em relação aos 3 Municípios (Araruama, Saquarema e Silva Jardim) quando assumimos, tínhamos 0 por cento de coleta e tratamento. Hoje a nossa população é atendida por 73 por cento de cobertura. Todo o esgoto que eu coleto, eu trato, cem por cento. Ainda não é a cidade inteira mas temos capacidade de tratar por dia 29 milhões, seiscentos e trinta e cinco mil e duzentos litros.

“Não tínhamos nenhuma estação de tratamento de esgoto (ETE), hoje temos 7 (4 em Saquarema, 2 em Araruama e 1 em Silva Jardim). ”

É sabido que o Brasil está passando pela pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Temos risco de falta d’água também aqui em Araruama?

_Não temos risco de falta d’água no manancial porque não corremos risco da represa de Juturnaíba secar, pelo menos num curto e médio prazo porque ela tem uma vazão muito alta. Águas de Juturnaíba  e Prolagos juntas retiram da Lagoa de Juturnaíba, na alta temporada, em torno de 2.600 litros de água por segundo. A represa, fora da época de estiagem, nas precipitações, verte 220 mil litros de água por segundo, uma água de excelente qualidade. Temos uma segurança hídrica muito grande aqui na Região dos Lagos.

Nesse trecho, da Pontinha até o Barbudo, foram feitas 9 drenagens (1 por gravidade e as demais por bombas através das estações elevatórias), que recebem todo esse esgoto até a divisa com o Município de Iguaba Grande.

A Estação de Tratamento localizada em Ponte dos Leites é ecológica, com ciclos naturais sem adição de produtos químicos, tirando fósforo e nitrogênio, tinha aeração (uma das etapas do tratamento) e sedimentação (o mais denso deposita-se no fundo, sedimenta). “Estamos ampliando ela para 275 litros por segundo. É bacana mas esse ciclo natural demanda muita área apesar de reduzir o custo de operação. Ela tinha vazão máxima de 200 litros por segundo em 11 hectares, então para ampliá-la teria q ter mais 5 ou 6 hectares. Então resolvemos que parte fica com tratamento convencional e parte com ecológico”, disse Gontijo.

Tínhamos uma inadimplência de 67% e hoje é de 5%, porque no momento pior da pandemia, a gente restringiu o corte no abastecimento”

Em Araruama, quando foram feitos os editais para a Concessão a preocupação maior era com o abastecimento de água, principalmente nos verões.

_Pelo edital eu só começaria a ter coleta de esgoto, sem tratamento, no 10º ano, em março de 2008. Em meados de 2001/2002 a Lagoa de Araruama eutrofizou com grande processo de poluição, quando as pessoas que tinham casa na Praia da Pontinha ou do Hospício começaram a vendê-las. Então a sociedade civil junto com o Ministério Público e os poderes concedentes se reuniram e chegaram à conclusão de que teríamos que antecipar os investimentos em tratamento de esgoto sanitário, mas naquele momento tinha que ser mais impactante. Logo, fizemos a colocação de separador absoluto (rede para transportar esgoto) em todo o centro, com ligação na porta, sem nenhum custo cobrado pela empresa e a maioria dos residentes não fez a interligação até hoje. Exemplo é o prédio onde está o Ministério Público, na Avenida Nilo Peçanha e o prédio do Fórum que só fizeram essa interligação recentemente.

Projetos a iniciar

– Praia dos Excursionistas na entrada de Praia Seca: 2.200m de rede de recalque; 01 interceptor no Rio das Moças; 01 estação elevatória. O esgoto coletado será levado para a ETE de Ponte dos Leites.

– Porto da Roça: 350 metros de rede de recalque;02 tomadas em tempo seco; 02 estações elevatórias. O esgoto coletado será levado para a ETE de Bacaxá.

– Ampliação da ETE Bacaxá.

 Projetos Socioambientais

-Projeto de Reflorestamento: temos um banco de dados de fazendas regulares que têm área degradada, a gente faz um acordo com os proprietários e refloresta essas áreas. Já reflorestamos 10 hectares. Vamos reflorestar a margem da represa de Juturnaíba, com árvores da mata atlântica

Por conta desse Projeto, o diretor Carlos Gontijo, recebeu recentemente o troféu do Prêmio Firjan Ambiental 2021, na categoria “GEE (Gases de Efeito Estufa) e Eficiência Energética”, por sua capacidade de capturar e neutralizar o carbono por meio da área verde replantada. Além disso, ele promove o retorno da fauna nativa, que por muitas vezes já deixou o local; o aumento do volume de água nos corpos hídricos da região, por meio da recomposição de nascentes e olhos d’água; a proteção das margens da represa; redução de erosão e, consequentemente, diminuição do assoreamento da represa de Juturnaíba e de seus contribuintes. Socialmente, o projeto impacta na conscientização da população da região em relação à sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

– Agricultura Escolar: a gente capacita, fornece os insumos para a plantação, depois o que é colhido é utilizado na merenda escolar ou eles levam pra casa

-Projeto SOS Lagoa: semestralmente, a gente fornece combustível aos barqueiros, fazemos um almoço de confraternização e a gente passa todo o dia tirando lixo da represa de Juturnaíba. Há quase 10 anos fazemos esse trabalho. No 1º ano nós tiramos cerca de 10 toneladas de lixo e no último já foi bem pouco comparativamente. Isso é um ótimo sinal, a sementinha está germinando.

-Projeto Ecofibras: turmas especiais e de empreendedorismo. Por meio de workshops e oficinas de artesanato, são reaproveitadas as fibras da ETE Ponte dos Leites, trabalhando o conceito de sustentabilidade, empreendedorismo e inclusão social;

-Projeto Olhar Ambiental: Levamos turmas de colégios nas nossas unidades pra eles verem o funcionamento de uma Estação de Tratamento

www.grupoaguasdobrasil.com.br

@carlosavgontijo

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