A Ágora, na Grécia Antiga, era a praça principal na constituição da pólis, a cidade-Estado. Lá, no berço da democracia, por volta do século VIII a.C., eram tomadas as principais decisões que afetavam a vida de todos. As ágoras eram, por excelência, espaços de cidadania.
De lá para cá, as democracias se desenvolveram para o sistema representativo, do qual o Brasil é signatário, através dos políticos que colocamos nas instituições públicas das diferentes esferas de poder para nos representar.
O advento das mídias sociais, surgidas no meio da primeira década dos anos 2000 (Orkut, Facebook, Twitter, etc) e mesmo as mais atuais (Instagram, Tik Tok, etc), revigorou o conceito de Ágora e nos faz refletir sobre o nosso atual modelo de democracia representativa, em que poucos se sentem representados.
Tal sentimento culminou no Brasil, a partir de 2013, com as manifestações que varreram o país, articuladas, em sua grande maioria, na “ágora digital” das mídias sociais. O mesmo sentimento – e as mesmas mídias sociais – que protagonizaram manifestações semelhantes em Wall Street e no Egito (2011) e em outros países árabes (muitos deles nada democráticos) e continuaram a levar multidões também no Brasil, inclusive em pequenas cidades.
Pelas mídias sociais, não somente é possível articular as manifestações, mas também acompanhá-las em tempo real, registradas pelos próprios manifestantes. Por meio delas, a informação se torna de massa sem a necessidade da mediação (certas vezes tendenciosa) dos veículos considerados de massa, como jornais, rádios e TVs.
Não se pode, porém, atribuir apenas às mídias sociais o papel de cúmplices nas manifestações. Um verdadeiro aparato tecnológico composto por celulares modernos, câmeras, filmadoras e aplicativos que transmitem em tempo real pela internet são aliados essenciais desse fenômeno: as chamadas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC). É sobre elas – e os impactos que elas causam nesse admirável mundo novo e em nossas vidas – que falaremos neste espaço, semanalmente, a partir de agora. E você, caro leitor, é meu convidado!