Faroeste Caboclo Araruamense, o episódio do Incêndio da Igreja

Vamos dar boas vindas ao ano de 2023, janeiro é mês de celebrar o inicio do ano e os festejos de nosso Padroeiro São Sebastião de Araruama. E no ‘De volta ao Vale a pena imaginar de novo’, no meado do século XX, em 1945, quando o Dr. João Joaquim de Carvalho Vasconcelos, foi Prefeito.

E quem foi Dr. João Joaquim de Carvalho Vasconcelos?

Segundo Dr. Sylvio Lamas de Vasconcellos, em seu livro Apontamentos sobre Araruama, publicação de1998, nascido em Araruama em 1888, filho de Bernardo José da Fonseca Vasconcelos e D. Olímpia de Carvalho, formou-se médico em 1914, sempre atuando na comunidade, destacou-se politicamente 10 anos depois quando eleito a prefeito, 3 anos de governo, transforma a cidade alargando, nivelando, e arborizando ruas e avenidas, construiu a muralha de pedras na praça da Paroquia São Sebastião que existe até hoje, pontes e estradas de Iguaba grande e do Hospício. Mas não são de seus feitos que desejo contar, mas sim do que fizeram com ele!

No Livro do Historiador Emmanuel Macedo Soares, As Matrizes de Araruama e São Vicente, publicação de 2011; o autor destina um capítulo só para o Incêndio da Paróquia São Sebastião, o infeliz episódio ocorre em 15 de junho de 1945, e nos relata com ricos detalhes:

Os bombeiros e policiais isolaram com cordas as ruínas ainda fumegantes, contendo a curiosidade de uma pequena multidão que acorrera para constatar o que parecida inacreditável. Dr. João acercou-se também, chegando de uma visita de fora da cidade. Não se sabendo ainda se havia alguma vítima, usou de sua autoridade de médico para levantar a corda e transpor tranquilamente o isolamento. Foi o bastante para receber uma advertência grosseira do arbitrário e truculento delegado Franscisco Coelho Gomes. Seguiu-se o bate-boca, depois a ordem de prisão. Revoltaram-se os populares em defesa do preso. Indiferente e cheio de si, Coelho Gomes insistiu em conduzir o velho e estimado clinico até a delegacia, onde seria autuado por desacato. E ameaçava aos berros de fazer o mesmo a qualquer um que protestasse. (SOARES, 2011. P.31.)

            O tal fato da Prisão do Dr. João também é narrado no depoimento do Sr. Clodomiro Soares de Souza (Miro Soares), no livro Araruama: no Tempo das Histórias, publicação da Secretaria Municipal de Cultura em 1992,

[…] Aí o delegado levou o Dr. João. Ele disse: “tá certo, eu vou a delegacia”. Quando o Dr. João desceu, já tinha mais de cinquenta pessoas, talvez umas oitenta junto com ele. O delegado, quando viu aquela porção de gente, sumiu, não voltou mais. Foi embora para Niterói – do jeito que foi, não sei. Quando Dr. João chegou na delegacia, disse: “Tem quarto especial aqui dentro? Olha, eu estou preso aqui, por ordem do delegado, vim me entregar”. “Doutor, eu não tenho nada com isso, isso é negócio dele, nós não nos envolvemos nisso, não senhor.” “Ah, mas eu quero ficar, eu quero ficar aqui detido.” “Não, Senhor, o senhor tenha paciência e tal.” O Dr. João foi solto. Depois, o Amaral Peixoto, que era interventor, passou um telegrama ao Dr. João, comunicando a ocorrência, pedindo desculpas, essa coisa. Doutor era contra a política do Amaral Peixoto. (SECRETARIA, 1992. P.58-59.)

Episódio triste e também cômico, a tempo de proporcionar um 2023 alegre, em comemoração aos 164 anos do Município de Araruama, que esse ano seja próspero a todos nós. Se gostou, comente, compartilhe, mas não esqueça dos meus créditos hein!!! E se você se interessou pelo bafafá, lendo da íntegra as referências citadas, é melhor ainda! Viva São Sebastião de Araruama, e até a próxima!

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