Entre a esperança e a realidade de um novo ciclo, a estreia de Carlo Ancelotti pela seleção brasileira

Quem esperava que a chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira fosse provocar uma transformação imediata se deparou com uma realidade mais difícil. A contratação do treinador italiano gerou grandes expectativas, especialmente após a dolorosa goleada de 4 a 1 para a Argentina. A promessa era de um novo começo, um alívio para os jogadores e para os torcedores. No entanto, com apenas três treinos (dois com o grupo completo), ficou claro que milagres não são a especialidade do novo comandante, e há de se entender. 

A estreia de Ancelotti contra o Equador, em Guayaquil, foi morna. Um empate sem gols e pouca emoção no campo refletiu a transição ainda em andamento, afinal uma das características do “carleto” é estudar e testar o seu elenco, para que ele descubra uma forma do time se encaixar, podendo ser ofensivamente ou defensivamente.

Embora o empate tenha freado um pouco as expectativas de quem esperava uma resposta imediata, a estreia de Ancelotti trouxe algumas razões otimistas. Um dos pontos positivos foi a melhora defensiva, que era uma das grandes falhas nas últimas “eras” da seleção, principalmente na Copa do Mundo de 2022, o Brasil voltou a sair de campo sem ser vazado. A volta de Casemiro e a ausência do lateral Wesley, do Flamengo, foram pontos muito questionados entre os torcedores. O Equador, que não contou com Gonzalo Plata e Enner Valencia, tentou explorar as laterais, especialmente nas costas de Vanderson, que mesmo com algumas dificuldades não permitiu que a bola o ultrapassasse.

Porém, com a bola nos pés, o Brasil ainda enfrenta muitas dificuldades, mesmo tendo em seu elenco os melhores jogadores dos maiores times. Faltou aproximação dos jogadores de meio-campo e ataque, deixando um buraco enorme no meio campo. O time cometeu erros técnicos constantes, como falhas em passes, domínio e finalizações. Mesmo com Alex Sandro jogando recuado e o Vanderson tentando jogar mais avançado, as melhores chances surgiram em bolas recuperadas no campo de ataque ou em contra ataques mais rápidos.

Ressalta-se que o Brasil jogou sem alguns dos seus principais atacantes, Rodrygo estava com desgaste, Raphinha suspenso, e Neymar segue uma incógnita, a um ano da Copa do Mundo o jogador é tratado quase como um “ex jogador” em atividade. Esses desfalques geram um peso no desempenho ofensivo da Seleção, mas não podem sequer serem usados como desculpas. A verdade é que o time parece estar em um processo de adaptação eterno, e o Ancelotti terá muito trabalho para pensar em um hexacampeonato. 

Em suma, a estreia de Carlo Ancelotti foi aquém do esperado, mas também não foi um desastre completo, afinal não tomamos gols. Há uma base sólida sendo construída, especialmente na parte defensiva, e o time ainda tem muito a evoluir. O tempo é curto, mas o italiano já mostrou sua capacidade de encontrar soluções em diferentes contextos. Se o Brasil seguir esse caminho, é possível acreditar em uma Seleção competitiva para a Copa do Mundo de 2026. 

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