Emmanuel de Macedo Soares e a Matriz de São Sebastião

Vamos iniciar o ano de 2022, num viva São Sebastião!!!

Como homenagem ao Sr. Emmanuel, colocando-o aqui como personalidade Araruamense pela produção intelectual assim como Dr. Sylvio Lamas de Vasconcellos; outro autor, historiador apaixonado por Araruama, deixou além de seu acervo, suas memórias em seus livros: As Matrizes de Araruama e São Vicente, 2011; e um guia de referências sobre a História de Araruama deixado no Centro de Memória Municipal.

No primeiro livro, o autor numa leitura leve, descritiva e crítica com humor, tal como se fechássemos os olhos e nossa imaginação voltasse ao passado, pois o autor conta como era a rotina da Cidade e principalmente várias curiosidades, não quero dar Spoiler, mas já dando…

A importância das Igrejas ou Capelas é porque são núcleos formadores de povoados ou onde muitas vezes se desenvolvem as cidades.Antigamente eram nesses lugares que registravam os nascidos e os óbitos, ‘qualificavam-se os eleitores e praticavam-se as eleições’, não é difícil observar que ao redor de igrejas desenvolvem-se comércio e moradias. Acreditava-se que a proximidade com a Igreja seria vital, portanto quem morava próximo a uma não ficaria desassistido e nem em débito com seus compromissos religiosos.

Em Araruama não foi diferente, lembrando que antigamente não existiam divisões municipais, o território era dividido em grandes fazendas, a tão famosa Fazenda Parati que possuía sua Capela dedicada à Nossa Senhora da Piedade, ou Nossa Senhora do Cabo, era tradicionalmente uma herança portuguesa pela devoção do Cabo da Boa Esperança. Como o povoado ao seu redor não cresceu como desejado pelos donos da fazenda, a edificaram por três vezes, apenas em 1658, fundada por Martim Correia Vasques, consolida a construção com a conquista de Cabo Frio.

No passar dos anos, os herdeiros cuidam, descuidam, e nas vendas e compras da fazenda acrescentam-se territórios como com Antonio Rodrigues Melo que herdou do sogro terras do Campo de Bacaxá, vendida ao Padre Antonio Gonçalves Marinho que em 1795 teria condições de reconstruí-la já com propósito de transformá-la em Matriz, localizada próximo dos povoados de Mataruna e Iguaba. No povoado de Mataruna funcionava a Capela de São Sebastião junto ao hospício dos franciscanos de Cabo Frio, quando a Freguesia de Araruama foi criada em 1799, o Padre Marinho instalou provisoriamente a Matriz da Igreja de São Sebastião à medida que a Freguesia ainda não tinha condições de servir as celebrações religiosas.

Com o declínio da fazenda Parati e seu sucessivo fracionamento, bem como as irregularidades no Hospício de São Sebastião, os próprios moradores de Araruama cogitaram construir uma nova Igreja.  Padre Castro iniciou a construção da Matriz e do Cemitério que conhecemos hoje, ‘em 40 braçadas de terreno’ que foram doadas, que apesar de não ter o nome do doador em si, adota-se o nome citado pelo Cortines Laxe, brigadeiro Bento José Leite de Faria, que nosso autor, Macedo Sares, diz que não conseguiu comprová-lo.

Em 1846 com Padre Santos, colocam-se os alicerces do Cemitério, depois de vários imbróglios, só tomou impulso quando criou e se instalou a vila, coincidentemente foi também em 1859 que a capela mor teve suas paredes levantadas, cobertas e com o arco cruzeiro armado. Somente em 22 de fevereiro de 1861 sendo as obras reiniciadas, em 19 de outubro de 1867 foi  benzida a nova Igreja e o cemitério, no dia seguinte foram transferidos o sacrário, algumas imagens, batistério e outros símbolos…[aqui dizem as más línguas, que São Sebastião não queria se mudar, e por isso somente essa imagem não se salvou do incêndio que ocorreria em 15 de junho de 1945]… em 31 de dezembro de 1868 recomeçaram as obras, e finalmente  em 27 de dezembro de 1870 a Matriz de São Sebastião de Araruama foi recebida pela Diretoria Provincial de Obras… Amém? Curiosamente no ano seguinte (1871) foi terminada a construção da antiga Câmara, que hoje conhecemos como Casa de Cultura.

Após o fatídico incêndio, começou novamente a saga das obras, onde existe o rompimento do estilo clássico para uma arquitetura um tanto quanto modernosa segundo o autor.

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