Coluna Tecnologia: Peixe Diabo Negro, Tânia Bulhões e as redes sociais

Se você não hibernou na semana passada, com certeza viu nas redes sociais uma enxurrada de publicações relacionadas ao peixe Diabo Negro, que foi filmado em uma aparição rara na superfície do mar, na costa da Espanha, e o caso envolvendo uma xícara da famosa marca Tânia Bulhões.

No caso do peixe, raro porque essa espécie vive em profundidades abissais, entre 200 metros e 2km abaixo do nível do mar. O peixe morreu logo depois, segundo o cinegrafista que fez o registro.

Rapidamente, os adeptos de teorias conspiratórias e “especialistas de internet” alertavam sobre mudanças climáticas, excesso de poluição no leito do oceano e até prenúncios de tsunamis e outras calamidades ambientais. Biólogos trataram de explicar que vários fatores podem fazer com que um peixe mude de habitat repentinamente, como doenças, parasitas, idade avançada ou a ação de algum predador.

Enquanto isso, outra parte da internet viu uma poesia triste no fato de um peixe que vive na escuridão se aventurar ao querer ver a luz. E, claro, os adeptos de posts motivacionais e coaches trataram de acrescentar frases de auto-ajuda que um peixe jamais diria.

E teve também a turma que vê meme em tudo e criou postagens bem engraçadas, ainda mais depois que se descobriu que o peixe Diabo Negro, apesar de bem feio e medonho, não mede mais de 6 centímetros. O que gerou uma nova onda de memes. Algumas marcas souberam aproveitar o momento e também fizeram publicações envolvendo o peixe aventureiro em seu derradeiro momento iluminado. Esse é um dos poderes da internet: fazer todo mundo se envolver em um assunto frívolo, como a morte de um peixinho do outro lado do mundo.

No caso Tânia Bulhões, no entanto, a coisa foi mais séria. Pra quem não sabe, Tânia Bulhões é uma famosa marca de porcelanas, que vende a ideia de exclusividade, sofisticação e diz ser uma marca genuinamente brasileira. Isso, claro, tem um valor agregado, com uma xícara custando mais de 200 reais. Os produtos são voltados para um público emergente, de classe média alta, que quer se sentir especial.

Pois uma cliente, viajando para a Tailândia, pediu um café em uma padaria popular e foi servida em uma xícara exatamente igual à de Tânia Bulhões, porém, sem a marca. Chegando ao Brasil, ela fez questão de registrar ambas as peças, o que causou uma crise na famosa marca brasileira. Além disso, porcelanas semelhantes foram encontradas por internautas em lojas virtuais populares, alimentando suspeitas sobre a autenticidade das peças.

A empresa se defendeu, afirmando ter sido vítima de um fornecedor da Turquia, que teria copiado as peças. Isso mostra que, por melhor que seja o storytelling de uma marca, ele precisa ser verdadeiro e não mera propaganda pra vender mais ou vender mais caro. Afinal de contas, a internet não perdoa e a mentira tem a perna cada vez mais curta. E você, acredita que a marca Tânia Bulhões foi vítima nessa situação toda ou seus produtos não são tão exclusivos assim?

Comenta no meu instagram @marcelosander. Por uma internet melhor para todos, até o próximo artigo!

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