No dia 18 de agosto, foi celebrado na cidade de Recife, capital de Pernambuco, o Dia Municipal do Choro. A data é uma homenagem ao músico Luperce Miranda, famoso bandolinista, recifense e um dos compositores mais conhecidos no Chorinho brasileiro.
A Câmara do Recife realizou nesta data uma solenidade que reuniu diversos músicos que se destacam por tocar chorinho profissionalmente. E, claro, um dos destaques foi o filho pródigo Jorge Luperce, que mantém acesa a chama do Chorinho, principalmente na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
Jorge Luperce é filho do bandolinista Luperce Miranda, que na década de 30 fez parte da banda que acompanhou a cantora Carmem Miranda. Jorge Luperce vive atualmente na cidade de Iguaba Grande, onde criou a Casa Cultural Caboclo Brasileiro, homenagem ao pai.
Ele é um músico versátil que toca bandolim (desde os cinco anos), cavaquinho, violão, teclado e é o líder do grupo de choro “Choromingando”, que já se apresentou em diversos lugares do Brasil, principalmente nas cidades da Região dos Lagos. Além disso, Jorge Luperce também é delegado regional da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB).
Confira a entrevista exclusiva que o Portal Costa do Sol fez com o músico Jorge Luperce:
Como você se sentiu ao participar da sessão solene em homenagem ao Dia Municipal do Choro Luperce Miranda?
Jorge Luperce: Eu me senti muito feliz com a homenagem, até porque a data que meu pai nasceu foi no dia 28 de julho de 1904. Então foi criada a Lei Municipal número 18.947/2022, que institui o Dia Municipal do Choro Luperce Miranda, nesta data (18/07). Mas como eu também não tinha possibilidade de ir nesta data, devido a vários compromissos, eles (Câmara do Recife) fizeram questão de remarcar para o dia 18 de agosto e eu me senti muito feliz pela homenagem e também por visitar essa linda cidade que eu já não visitava há muito tempo.
Qual é a importância do chorinho para a cultura do Recife e do Brasil?
Jorge Luperce: O chorinho é uma criação genuinamente brasileira. É uma música alegre e ao mesmo tempo calma. O ritmo é parte fundamental da cultura brasileira, e Recife tem sido um berço importante para esse gênero musical. Ele representa nossa identidade musical e uniu diferentes influências. É um estilo que encanta pela sua alegria e sentimento, transmitindo a alma do povo brasileiro.
Quais são seus planos para divulgar e perpetuar o chorinho?
Jorge Luperce: Eu tenho muitos planos, vários projetos. Mas sabe-se que ninguém faz nada sozinho. Precisamos de apoio das secretarias de Cultura dos municípios em geral, da criação de escolas de música para tocar chorinho. E, claro, bastante mídia e divulgação para trazer a galera mais jovem para conhecer o que é o Chorinho e para eles começar a tocar os instrumentos musicais.
Como você enxerga o papel do músico na sociedade atual?
Jorge Luperce: Eu tenho muita esperança que o Chorinho tenha uma continuidade e tenha uma explosão legal em termos de pessoas voltando a ouvir o ritmo. Porque se você observar bem, hoje não é só o Chorinho, mas o músico em geral. Ele perdeu aquele prestígio do público de falar assim: vamos no show hoje com um músico instrumentista. Então está faltando esse questão de voltar a mostrar que o músico é uma estrela, como era meu pai, e não ficar só em segundo plano, como é para a maioria das bandas de hoje em dia. No chorinho as estrelas eram Pixinguinha, Sivuca, Valdir Azevedo, ou seja, todos instrumentistas.
Como você vê o futuro do chorinho e da música instrumental no Brasil?
Jorge Luperce: Tenho esperança de que o chorinho e a música instrumental possam retomar um lugar de destaque na cena musical brasileira. É essencial que haja apoio governamental e oportunidades para que novos talentos possam surgir e se desenvolver. Minha meta é continuar compartilhando e ensinando o chorinho, para que sua tradição seja preservada e renovada.