Desde o início de 2021 começaram a circular na internet fotos e vídeos de cavalos-marinhos na Lagoa de Araruama. O Portal Costa do Sol conversou com a bióloga Natalie Freret Meurer, do Projeto Cavalos-Marinhos/RJ, para entender mais sobre o surgimento da espécie na lagoa.
“Os cavalos-marinhos ainda não haviam sido registrados na Lagoa de Araruama. Conversamos com pescadores e moradores e nenhum deles tinha relatado, nos últimos 40 anos e bem anteriormente, a presença de cavalos-marinhos. Não existia um histórico de pai contando para filho sobre a presença de cavalos-marinhos”, explicou a pesquisadora sobre a presença da espécie.
Natalie Freret Meurer é professora na Universidade Santa Úrsula e Coordenadora do Projeto Cavalos-Marinhos/RJ, onde estuda a espécie há 19 anos, em todo o Estado do Rio de Janeiro.
“Em maio de 2021 começamos a receber de moradores e veranistas fotos e filmagens de cavalos-marinhos da espécie “Cavalo-marinho do focinho longo” na Lagoa de Araruama. Foi uma surpresa muito grande para nós, pois até então nunca tínhamos ouvido falar de cavalos-marinhos em áreas supersalinas. Exceto no Canal de Itajurú, em Cabo Frio, que tem uma salinidade mais baixa e é um dos pontos críticos para coleta e venda ilegal dos animais”, ressaltou.
Segundo a professora os pesquisadores chegaram a ficar desconfiados da real presença da espécie na lagoa, mas devido ao grande número de relatos iniciaram as pesquisas.
“Fomos para campo. Buscamos três pontos para começar a pesquisar e poder comprovar de fato se tinha a espécie na lagoa. Os pontos escolhidos foram em Iguaba Grande, Araruama e São Pedro da Aldeia. De fato constatamos que havia uma população muito grande, maior do que a que costumamos ver em outras regiões do Estado do Rio de Janeiro que monitoramos.”
Até então a equipe não sabia se eles iriam permanecer, se estavam reproduzindo e como estariam usando a lagoa. Ao longo do tempo começaram a constatar que de fato eles permaneceram e não entraram somente por um período.
“Os cavalos-marinhos estão reproduzindo e se alimentando. Estamos encontrando espécies adultas e juvenis. O cavalo-marinho macho é que fica “grávido” e incuba os filhotes. Temos encontrado muitos machos incubando na lagoa, o que é um bom sinal e podemos ver que eles estão se estabelecendo. Porém eles ainda não têm uma estrutura populacional mais madura, ainda estão se acomodando”, explicou.
O Projeto Cavalos-Marinhos/RJ também está realizando o Projeto Ciência Cidadã de mobilização da população. O projeto incentiva que os moradores informem os pontos onde estão achando os animais e também leva orientações para que a comunidade tenha uma boa relação com a espécie.
“Algumas pessoas estão tirando os cavalos-marinhos da água, perseguindo, manipulando, colocando presos e colocando em baldes. Isso tem causado muita preocupação. Por conta disso criamos esse projeto, inclusive com instalação de placas informativas”, destacou.
A bióloga orienta para quem for tirar fotos, tire por cima da água, mas sem pegar ou manipular o animal, pois isso causa estresse e pode levar o animal a abortar os filhotes.
Os cavalos marinhos estão protegidos pela Portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente. O que determina que somente profissionais com licença específica podem tocar nos animais.
“Não sabemos ainda identificar a causa do aparecimento desses animais na Lagoa de Araruama. Existem várias especulações: melhora na qualidade da água, dragagem, transparência. A ciência trabalha com dados, como ainda não temos esses dados não podemos afirmar a causa”.
Natalie Freret Meurer trabalha com uma equipe de alunos no Projeto Cavalos-Marinhos/RJ. O principal objetivo é desenvolver pesquisar e fomentar a educação ambiental em todo o Estado do Rio de Janeiro.
Conheça mais do Projeto Cavalos-Marinhos/RJ
@cavalosmarinhosrj
cavalosmarinhosrj.com.br
Participação do leitor:
Carmem Verônica Cruz enviou ao Portal Costa do Sol vídeos e fotos que fez dos cavalos-marinhos em Praia Seca – Araruama:
@cveronicacruz
Boa noite. Eu vi, em 2013, na Lagoa Monte Alto. Fiquei encantada, nunca tinha visto antes