Brizola Neto visita Cabo Frio e conta sua vivência com o avô Brizola

Este ano, mais precisamente em 22 de janeiro, Leonel Brizola estaria completando 100 anos. Único político que conseguiu ser governador de dois estados brasileiros, Rio Grande do Sul (1958) e Rio de Janeiro (1982) e (1990), além de deputado estadual e federal, Leonel Brizola deixou importante legado para a população brasileira, como um dos políticos mais importantes de sua história.

Para manter viva a sua memória e o seu trabalho com destaque na educação, o seu neto e ex-vereador Leonel Brizola Neto continua trilhando o caminho da política, pois não poderia ser diferente dada a grande vivência familiar e de trabalho que teve com o avô.

Leonel Brizola Neto

Brizola Neto visita o Município de Cabo Frio, dia 27, quinta-feira, com o objetivo de dialogar com a população sobre o desenvolvimento sustentável, além de discutir projetos para a Região dos Lagos.

-Sabemos que a integração entre Municípios cada vez mais se faz necessária, pois a política começa ali no Município, tanto para o desenvolvimento urbano quanto para o setor econômico. Elaborar e financiar projetos de desenvolvimentos regionais, é uma meta que carrego. O Rio de Janeiro precisa, de fato, buscar essa integração regional dos municípios do interior, da Região dos Lagos, de todos os setores, diz ele.

“A Região dos Lagos é rica em cultura e história”

Frequentador da Região dos Lagos, Brizola Neto conhece bem a história de cada Município que a compõe. “Essa Região abriga uma das maiores riquezas históricas e culturais do país, sendo hoje o principal combustível para a economia. Araruama, Iguaba, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio (que é uma das cidades mais antigas do Brasil), Arraial do Cabo, Búzios… Elaborar esse bem de forma correta é influenciar diretamente na economia através da pesca, do turismo, do incentivo à cultura, do meio ambiente, ou seja, são linhas financiáveis via União e Estado. Essa Região é rica em história e cultura”, complementa ele.

-Precisamos resgatar esse fio da história como, por exemplo, o fato da Lagoa possuir uma arte de pesca própria e que hoje está se perdendo. Valorizar essa arte da pesca tradicional é manter vivo o sentimento da terra, de pertencimento, de onde eu vim, da minha ancestralidade. Criar projetos de capacitação e formação dentro dessas comunidades é extremamente importante para manter viva a cultura regional.

“A cultura da Pesca tem que ser incentivada”

Brizola Neto acredita que a Região dos Lagos que já teve o setor pesqueiro em alta, precisa ter mais incentivos nesse setor.

-Criar núcleos de formação de pescadores, trazer os alunos às aulas de pesca numa forma de educação continuada, ou seja, tornar esses pescadores que carregam a cultura, ensinadores e mestres. Criar um tombamento federal no sentido de preservação da lagoa, como patrimônio histórico, cultural e ambiental, considerando a importância que exerce para a Região. É preciso, também, rever a questão do defeso.

A vivência com o avô Brizola

Brizola Neto começou a trabalhar ao lado do avô, governador Leonel Brizola, com 18 anos de idade, fazendo cópias numa máquina de xerox.

-Logo depois fui para uma máquina de fax, era uma comunicação direta, o nosso hoje WhatsApp, rs. Brizola era uma pessoa muito organizada. Organizava todos os documentos que chegavam com data, hora. Em seguida, passei para o telefone. Tive o privilégio de ver com quem o meu avô se relacionava, com quem ele falava, de acordo com o contexto político da época. Isso me deu grande conhecimento político. Depois, participei na militância política do partido, em sua formação. Isso foi uma vivência fantástica na minha vida e me preparou para o futuro. Sou muito grato por essa oportunidade. Meu avô Brizola era uma pessoa muito dura no trabalho. Eu chegava às 6 horas da manhã, e logo começava a organizar todos os jornais do Brasil pra ele ler, por volta das 7 horas enquanto tomávamos o café. Em seguida, ele fazia uma lista de 15 a 20 pessoas com as quais falava, diz ele.

“É preciso, urgentemente, retomarmos o projeto do CIEP: uma escola com pensamento crítico”

Brizola Neto fala com orgulho dos ensinamentos do avô Brizola e da sua luta por uma educação de qualidade:

-Foi na infância humilde do Brizola que foi gestado o seu caráter, que o preparou para as grandes batalhas que ele enfrentou durante a vida. Foi na adolescência que surgiram as suas maiores obsessões, como o amor ao povo brasileiro e à escola pública. Brizola foi o político que mais construiu escolas no mundo e foi o primeiro a fazer reforma agrária. Ele distribuiu terras, inclusive da sua propriedade. E no Rio de Janeiro o projeto revolucionário dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), que reuniu 3 gênios, Brizola, o político a favor do povo e da Nação, o gênio da Educação Darci Ribeiro que materializou naquela obra o prolongamento do útero materno e o gênio da Arquitetura, Oscar Niemeyer, cujos traços eram inspirados nas redes de dormir do ‘Sertão Vereda’, nas curvas da mulher brasileira e nas montanhas, relembra Brizola Neto.

“As piscinas dos Cieps foram cimentadas”

Brizola Neto fala sobre o grande projeto do Ciep e educação de tempo integral:

-O Ciep era uma educação completa onde, antes da primeira aula, era servido um farto café da manhã, e havia médico, dentista, psicólogo, animador cultural. Uma escola com pensamento crítico, que formava para o futuro. O Brasil é o único país no mundo onde você tem escolas de turnos, inventaram isso aqui. Esse tipo de educação não serve ao povo brasileiro. O projeto do Brizola mostra claramente, mas a perseguição a ele foi terrível. Ele construiu piscinas nas escolas, com uma vila olímpica no seu entorno, e elas foram cimentadas. Na pandemia onde centenas de alunos não retornaram à escola ou ficaram atrasados, mas do que nunca o projeto do Ciep provou que é a sobrevivência dos filhos dos trabalhadores. É preciso ter coragem e aumentar de fato os investimentos. Se o projeto do Ciep tivesse tido continuidade hoje teríamos mais de 10 milhões de jovens encaminhados, longe das drogas, finaliza Brizola Neto.

Por Renata Castanho.

@leonelbrizolarj

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