As salinas de Araruama

O sal possui um simbolismo muito forte e representa força vital e proteção, muito valorizado por conservar os alimentos, na bíblia ele é símbolo de forças espirituais e morais.

            Outra curiosidade sobre o sal, antes de usarmos moedas, a troca de mercadorias era comum, assim a remuneração do trabalho humano era feita com mercadorias, como animais (galinhas, porcos, etc), tecido, e dentre outros o sal. A palavra salário, também deriva do sal,

[…] surgiu a partir da porção de sal que era dada como pagamento aos soldados na Roma antiga. Ao descobrir que o sal, além de ajudar na cicatrização, servia para conservar e dar sabor à comida, os romanos passaram a considerá-lo um alimento divino, uma dádiva de Salus, a deusa da saúde. (Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/salario/)

            Dentre outras boas referências temos José Marcello Giffoni que publicou no ano de 2000, o livro: Sal, um outro tempero ao Império (1801-1850); explica:

O Sal entra na história brasileira, sem se comentar a chamada história, ainda no período colonial. Devido á precariedade do transporte e distribuição, reforçada pela lógica do exclusivo comercial, a possessão portuguesa vive uma verdadeira falta de abastecimento de tal produto pela metrópole. Os colonos e colonizadores residentes recorrem às salinas naturais da Lagoa de Araruama, do Rio Grande do Norte, Pará, Maranhão, Ceará, da Paraíba, de Pernambuco, Sergipe e Alagoas, tornando-se uma prática corrente. Esta prática persiste e tece um universo social em torno do século XIX, que se expande com o mercado interno […]. (GIFFONI, 2000, p.17)

            No decorrer dos anos, na região dos Lagos, com a decadência das fazendas de café e açúcar, a produção de sal passou a ser a principal atividade econômica.

            A tradição salineira é uma herança portuguesa, trazida pelos imigrantes que vieram de Lavos, Aveiro e Figueira da Foz.

            Sempre de acordo com Dr. Sylvio Lamas de Vasconcellos, no século XVII era proibida a extração de sal, por cartas régias, para que nenhuma outra produção prejudicasse as salinas da metrópole, isso só foi possível a partir do século XIX.

Em Araruama, no ano de 1889 ou 1890, o Dr. Joaquim José vieira iniciou a construção da primeira Salina, que foi batizada com nome de “Marrecas”. Mas somente no século XX tornou-se essa exploração importante [para a] indústria, de influência no mercado e, em proporção à renda, a que mais contribuía para os cofres públicos. (VASCONCELLOS, 1998, p.233)

            No livro Apontamentos sobre Araruama, Dr. Sylvio ainda cita dados que conseguiu de 1941, com Comunicado n°41/43 do Instituto Nacional do Sal, listando 46 Salinas existentes no Município.

            Outra referência importante e que nós dá um panorama atual do declínio da Indústria Salineira, é o livro recém lançado do Historiador Célio R. M. Pimentel, Do Sal à Ferrovia em Araruama, O desenvolvimento da Região dos Lagos, 2021. Segundo sua pesquisa, existem apenas 4 salinas funcionando: Antiga salina Vigilante/Almira, Lavos – Parasal, São Mendes (Silva e cia) e Espírito Santo Emp.

            O crédito da imagem intitulada ‘Salina’ da artista Ariza, acervo da Pinacoteca Municipal, datado de 2003.

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