Antropofagia, costumes ancestrais por uma outra perspectiva

Chegamos no assunto mais polêmico quando falamos de nossos Ancestrais Tupinambás – a Antropofagia. Ao falarmos de Antropofagia, necessariamente precisamos entender o que é de fato e não nos assustarmos ou mal entender o uso do canibalismo, pois são coisas diferentes.

Podemos dar um Google, e logo no Wikipédia irá aparecer ‘Antropofagia é um ato ritual de comer uma ou várias partes de um ser humano’; e ‘Canibalismo é quando um ser é capaz de comer parte ou até mesmo todo o corpo de um indivíduo da mesma espécie’.

Nas últimas semanas me deparei com a área da história das Religiões, além da Antropologia, no artigo ‘Antropofagia ritual e identidade cultural entre os Tupinambás’, de Adone Agnolin, pesquisador pós-doutorando da USP; fala sobre alimentação como um dado cultural, onde o homem entra como alimento particular,

Trata-se do homem que se torna, dentro de uma estrutura altamente ritualizada, alimento para outro homem, o qual, por sua vez, vive na perspectiva, altamente significativa para sua cultura, de se tornar, um dia, ele mesmo alimento para os outros.

A degradação da imagem do outro, vem desde a Renascença e Romantismo, favoreceu a incompreensão da Antropofagia, contribuindo para a colonização e propagação da fé católica, assim os povos indígenas eram vistos como selvagens, e com isso seus rituais sagrados eram mal interpretados.

O ato canibal, de comer o outro não era para satisfazer a fome, mas de ‘vingar a morte de seus antepassados e saciar o ódio invencível e diabólico que votam seus inimigos’, ‘os índios viam no apodrecimento dos corpos uma ameaça, culturalmente significativa’, ‘quando um torna-se velho, todos os vizinhos encontrando-se o sacrificam […] e cozidas as carnes, banqueteiam-se’, e quando um indivíduo morre por doença, reputam a desgraça que não tenha chegado ao sacrifício e não o comem, enterram-no. E em termos de materialidade, os Tupinambá deixaram a cerâmica ritual, que são tigelas decoradas nas cores vermelho, branco e preto, e as urnas funerárias presentes na Exposição do Centro de Memória Municipal.

Devemos lembrar que a Antropofagia foi associada à barbarização, ausência de civilização ou mesmo ausência da humanidade, como rituais satânicos e etc. por causa do estranhamento e do choque cultural de cronistas do processo de colonização sofrido no território que hoje conhecemos como Brasil.

A diversidade é tão mal entendida quanto a Antropofagia/Canibalismo mesmo em nós no sec. XI, é o mesmo pré conceito ou a resistência para aceitar tudo que é diferente a nós ou a nossos costumes, nada mais é que uma visão ainda europeizada. Quer um exemplo disso? Olhar torto para as pessoas só por vestir de maneira diferenciada, ou por alguma deficiência ou mesmo algo estético ou considerado fora dos “padrões”; entender que o mundo é diverso e por isso precisamos compreender que existe diversidade, em âmbitos gerais: religiões, costumes e experiências, e que ser diferente de nós não é motivo para estranhamentos, até porque em determinados contextos nós podemos ser o diferente da questão.

É… Quem diria que os Tupinambás nos fariam pensar em diversidade? Ou mesmo nos dar uma nova forma de olhar o outro de uma maneira subliminar? Nem tão subliminar assim.

Quer conhecer mais sobre a nossa Ancestralidade Tupinambá? Venha fazer uma visita no Centro de Memória Municipal, localizado na Casa de Cultura, aberto de 9 às 18h de segunda a sexta.

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