A Rádio Costa do Sol recebeu no “PodCosta” a empreendedora e trancista, Hitamara Labre, referência na valorização da cultura afro em Araruama. Durante o programa, Hitamara compartilhou sua trajetória no universo das tranças afro, desde o início, como alternativa para lidar com sua transição capilar na adolescência, até a transformação dessa habilidade em profissão. “Comecei a fazer em amigas, e o boca a boca transformou isso em trabalho”, relembra.
As tranças afro, mais do que um estilo, são um símbolo de resistência e representatividade. Para Hitamara, cada trança conta uma história e reafirma a identidade cultural de quem a usa. Ela destacou a importância histórica e social dessa técnica, que remonta às tradições africanas e continua a ser uma ferramenta de empoderamento. “Elas são proteção para o cabelo e também um elemento de resistência”, afirmou.
Hitamara também falou sobre o impacto emocional e social de seu trabalho. Segundo a trancista, a transformação que ocorre entre a chegada ao salão e o momento de saída vai além da estética, tocando a autoestima e o autoconhecimento das jovens. “Muitas chegam se sentindo inseguras e saem confiantes, aceitando suas raízes e se vendo de uma forma mais positiva”, relatou.
Apesar dos avanços, o mercado de beleza ainda enfrenta desafios. Hitamara apontou a escassez de produtos de qualidade para trancistas na região, o que muitas vezes exige deslocamentos ao Rio de Janeiro para aquisição de materiais adequados. Ela também destacou que o preconceito ainda é uma barreira, embora a crescente visibilidade de personalidades negras com tranças tenha ajudado a mudar percepções.
Além de ser uma forma de expressão cultural, as tranças têm se mostrado um caminho para autonomia financeira e transformação social. Hitamara enfatizou como a prática tem possibilitado a milhares de mulheres negras a chance de conquistar renda própria e independência. “Trançar cabelo é devolver autoestima e criar oportunidades. Hoje, eu sustento minha família com essa profissão e vejo o quanto ela impacta positivamente outras vidas”, concluiu.
Tranças Afro: Estilo, Resistência e Empoderamento em Araruama
