Como seria Araruama por volta de 1901 a 1940?
Como seriam as ruas, o transporte e tudo mais?
É claro que o movimento da globalização adiantou muita coisa, tanto que antigamente parecia que os relógios do interior e dos centros da Cidade funcionavam com uma quantidade diferente de horas.
A sensação do tempo que passa devagar no interior se dá porque no centro a movimentação comercial e de pessoas é muito maior, por isso a quantidade de transporte, de comércios, logo a oferta de trabalho é maior, assim como o fluxo de pessoas e de dinheiro, dentre outros detalhes que não convém falar aqui.
É com essa visão de hoje de que tudo é rápido, gostaria de, nesses 5 minutos de leitura da minha coluna, transportá-lo praticamente a uma novela das seis, daquelas reprises que não cansamos de ver, bem no estilo ‘O cravo e a rosa’, com outros personagens que realmente existiram, levando em consideração que a vida imita a arte, mas a arte imita a vida também!
De acordo com os depoimentos do livro, Araruama: no tempo das Histórias, publicado em 1992, destacando o depoimento do Sr. Raymundo Gonçalves de Oliveira, deixou-nos um verdadeiro presente em forma de relato, darei ênfase aqui sobre meio de transporte.
Antes do Trem ser implementado em Araruama, o transporte era feito por carro de boi, cavalo, tropas de burro. Segundo o relato do Sr. Oliveira,
‘gêneros alimentícios e cereais, carne-seca e conserva, linguiças, […] vinha de Capivari, em tropas de burro’ pela Estrada de Sampaio, ‘tinha uma porção de pontes […] aquelas passagens em pontes de madeira […]. Peixe de Arraial do Cabo, peixe salgado, que vinha em tropas, também. Porque não existia, naquele tempo, automóvel. Juca Domingues que era dono de fazenda aqui em Morro Grande […] comprou uma caldeira, no Rio, que veio de estrada de ferro até Capivari […] ela foi puxada a gado, aqueles gados daqueles carretões para a fazenda dele. Calcula você quantos meses – quanto tempo, meses, não levou? […] Levou quatro anos para essa caldeira chegar na fazenda dele. Morria boi no caminho, atolava, morria, vinha outro buscar, era assim. Andava dez metros por dia. Às vezes nem dois metros andava, atolavam os carretões. Esperava o tempo melhorar, essa coisa, levou quatro anos. ’
Para nós que compramos um objeto em um site qualquer na internet e esperamos ansiosamente por 15 ou 30 dias, e achamos um absurdo; devemos concordar que esperar 4 anos nos dias de hoje seria um verdadeiro sofrimento, o que seria de nós sem o serviço de logística e dos correios? Imagine o transporte publico que até hoje é ineficaz?
O relato do Sr. Oliveira menciona outros personagens importantes, o Sr. Manoel Ferreira, um homem delicado apaixonado pelo trem, ‘uma das mais lindas invenções humanas’; e com a abertura das estradas dando aqui prosseguimento ao tema da coluna anterior, uma das primeiras linhas de ônibus a ser criada, que foi na primeira Mercedes-Benz a andar por aqui, era do Sr. Miguel Laudi, ‘que fazia o transporte de passageiros de Iguaba para Cabo Frio.’
Antes de concluir, é necessário lembrar que Capivari na citação acima, se refere ao nome da Localidade que hoje conhecemos como Silva Jardim.
O crédito da Imagem, que é acervo do Centro de Memória e que está disponível na Exposição, é meramente ilustrativa, os carros estão parados possivelmente na Rua Nilo Peçanha, onde existia o primeiro posto de gasolina. Por hoje é só, até à próxima coluna ou no Vale a Pena Imaginar de novo, como preferir!