Violência contra mulher: não seja mais uma vítima

A violência contra mulher se caracteriza em qualquer ato que viole de forma física, sexual e psicológica a integridade do gênero. Em Araruama, no último ano (2020), 924 mulheres registraram ocorrências de crimes. Dentre eles, violência física e psicológica ocupam 34,1% e 33,4%, respectivamente, do valor total. Os principais autores são companheiros e ex companheiros.

O delegado da 118° DP- Araruama, Filipi Poeys, titular há 4 meses, trabalha em um projeto que está reestruturando o Núcleo de Atendimento à Mulher, com o intuito de oferecer uma assistência mais humanizada às vítimas. O delegado frisa que na maioria dos casos crianças acompanham as mães que sofreram alguma violência, deste modo, ter um ambiente acolhedor para os filhos pode evitar futuros traumas.

A sala para o atendimento às vítimas contará com brinquedos, que poderão ser levados pelos jovens caso gostem, televisão para os pequenos assistirem desenhos e pinturas na parede que remetem à união familiar. O projeto está em andamento e o Núcleo logo será inaugurado.

Nosso objetivo é humanizar o atendimento das vítimas de violência doméstica e tentar confortá-las da melhor forma possível.

Filipi Poeys
O delegado esclarece que em Araruama os maiores crimes cometidos contra mulheres são as ameaças, injúrias, calúnias e lesões corporais. Foto: Jornalismo Portal Costa do Sol

Filipi frisa que toda mulher ao sofrer algum tipo de lesão corporal deve primeiramente buscar assistência médica para depois se encaminhar até à delegacia. A urgência ocorre apenas quando há um flagrante.

Foto: Jornalismo Portal Costa do Sol

Centro de Referência de Atendimento à Mulher- CRAM

Foto: Jornalismo Portal Costa Do Sol

O Centro de Referência de Atendimento à Mulher de Araruama oferece serviços especializados para casos de violência contra mulher. De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006) existem 5 tipos de violência doméstica e familiar contra à mulher: violência física, violência psicológica, violência moral, violência sexual e violência patrimonial. No CRAM também são feitos atendimentos interdisciplinares com encaminhamento psicológico, social, jurídico e de orientação.

A coordenadora Fabrícia Siqueira explica que caso as vítimas não possuam nenhuma rede de apoio são destinadas a um abrigo de segurança máxima, onde podem ficar durante 4 meses. Dependendo de algumas circunstâncias, as mulheres podem prorrogar esse prazo dentro da casa de acolhimento.

Foto: Jornalismo Portal Costa Do Sol

Dentro do abrigo a mulher tem regras a cumprir e precisa conviver com outras vítimas de violência também. A casa de acolhimento é uma opção quando existe risco de vida e as mulheres não têm rede de apoio, familiares e amigos que possam acolher.

FABRÍCIA SIQUEIRA

Em julho deste ano (2021), foram feitos 228 atendimentos no mês. Fabrícia entrou na coordenação do Centro em dezembro de 2020, mas não havia muitos atendimentos. Após fortalecer sua rede de contatos, já em janeiro do ano seguinte (2021), teve um aumento significativo: 74 mulheres vítimas de violência foram buscar auxílio.

Gráfico disponibilizado pelo CRAM com os tipos de violência que recebem mais ocorrência na unidade

Denuncie!

Vanessa, hoje com 36 anos, teve seu primeiro relacionamento abusivo ainda na adolescência, aos 16 anos. Ela conta que precisou casar-se com este companheiro e que os primeiros indícios de violência foram através de ciúmes exagerados. Os dois ficaram juntos por cerca de 2 anos, e ao sofrer as agressões corporais, por medo, Vanessa escondia de seus familiares e amigos o que sofria.

Ele começou com um comportamento muito agressivo, primeiro com palavras e como na época eu era muito nova, fui deixando aquilo me levar.

Vanessa

Com o segundo casamento, Vanessa também foi vítima de agressões e após quase falecer, determinou que nunca mais iria passar por alguma situação parecida. “Hoje em dia eu não aceito mais isso! Se tiver que denunciar eu não tenho medo. Tenho coragem de falar sim! Nenhuma mulher merece apanhar e ser agredida”, relata Vanessa.

Ao sofrer qualquer tipo de violência, toda mulher precisa denunciar. Não tenha medo! Ligue 180, ou destine-se até à delegacia mais próxima. Em Araruama, o 118° DP está localizado na Rua Bernardo Vasconcelos, 755, Centro. O telefone para contato é (022) 26657886.

Por Virgínia Carvalho- Estagiária (Supervisão: Renata Castanho)

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