A moda é um dos segmentos que mais movimenta a economia nacional e internacional. De acordo com o Google, o varejo move cerca de 150 bilhões no mundo inteiro. Juntamente com a pandemia da Covid-19, o número de pessoas que passaram a comprar online triplicou. Uma pesquisa feita pelo IDC aponta que vestuário e calçado ocupam 74,4% dos produtos adquiridos.
Em 2012, a marca de moda Shein foi fundada. Hoje, o site envia para mais de 150 países. Acessórios, roupas e calçados de todos os tipos fazem parte do catálogo do site. Segundo eles, o objetivo da marca é fazer com que todos comprem peças baratas, mas com estilo.
Oito anos depois, 2020, a Shein se fortaleceu no Brasil e em outubro do mesmo ano já se tornou a maior companhia de moda online. O site tem uma interface que chama bastante atenção: preços populares, frete grátis e diversos descontos. Com preços mais acessíveis, houve um aumento demasiado no consumo da moda Fast Fashion. Mas será que essa tendência é positiva?

Afinal, o que é Fast Fashion?
Esse segmento da moda surgiu na década de 70, mas somente em 1990 que começou a se consolidar. O objetivo do Fast Fashion é entregar aos clientes o que está em voga de forma quase que instantânea e com um preço no mercado bem menor. Além disso, as peças são fabricadas com materiais de qualidade inferior e são descartadas mais rápidas. Logo, o Fast Fashion constrói um ciclo de compra e descarte exagerado.
A Shein produz cerca de 30.000 peças por semana, e entregam coleções a cada 5 ou 7 dias. Ainda, a marca ocupa a menor pontuação do Índice de Transparência da Moda, com 1%. Então, essa produção é saudável para o meio ambiente?
A gestora ambiental Rayanne Carvalho explica que o consumo neste segmento não traz benefícios à natureza, mas isso vai da consciência do consumidor. “Posso ser hipócrita por comprar nas Fast Fashion, mas a questão vai muito além. Acredito que cabe ao consumidor controlar e comprar o que necessita”.

Renata Simas e Luiza Xavier já fazem o uso da moda Fast Fashion há algum tempo. Forever 21 e Zara eram as principais marcas utilizadas por elas antes da chegada da Shein. Luiza explica que o modelo é bastante utilizado por conta do preço mais em conta. “São as lojas que a gente tem mais acessibilidade para compra de roupa”.
As duas compraram a primeira peça na Shein em 2020 e relatam que estão em bom estado, durando quase 2 anos. Mesmo que o intuito seja descartar rapidamente, as roupas são utilizadas frequentemente.


Ana Luiza Duarte segue com a mesma sorte: a peça mais antiga comprada por ela é um short que está no seu cabide há 1 ano. “Apesar de ser uma roupa de Fast Fashion a qualidade vai de acordo com o preço. A gente espera que não seja um material de muita qualidade”.


Se dura bastante, por que é Fast Fashion?
Mesmo que Renata, Luiza e Ana tenham uma boa experiência com a durabilidade das roupas compradas na Shein, esse não é o padrão e nem o que devem esperar das peças produzidas através desse modelo. Os itens duram menos do que cinco anos e são poucas delas que são utilizadas por mais de 50 vezes.
Por isso, apostar no Slow Fashion (peças sustentáveis, com preocupação no descarte correto de tecido e pequenas coleções que valorizam a mão de obra de quem produz) é uma boa saída. Os itens desse modelo têm um preço um pouco mais elevado, o que dificulta no consumo da grande parcela da sociedade.
Apesar disso, é uma forma interessante de apoiar marcas que se preocupam em ser transparentes quanto à sua produção.
Por Virginia Carvalho, estagiária sob supervisão de Renata Castanho