A atriz, diretora e coreógrafa Perla Duarte cresceu no distrito de Morro Grande, em Araruama, onde veio morar com os avós, Dalila e Joel, aos 4 anos de idade. Perla foi criada junto com o irmão e a prima e os três começaram a trajetória no teatro ainda pequenos.
Na casa onde morava na infância, não tinha luz elétrica, então as crianças recriavam as histórias, brincando de interpretar o que lhes era contado.
“Meu avô era nordestino e cantava muitas músicas para nós e minha avó contava histórias. Inclusive uma das peças que apresento “A onça e bode” é um resgate de uma das histórias que eles contavam. Quem já assistiu pôde perceber o tom nordestino”, ressaltou.
Perla junto com a avó Dalila o irmão Raphael e a prima Priscila.
“Ver TV era uma coisa rara na nossa infância. Íamos uma vez por semana, para casa de um vizinho para assistir “Os Trapalhões”. Hoje vejo o quanto nossa infância foi rica culturalmente e aguçou a nossa criatividade”, explicou a atriz.
Perla Duarte contou que nos Natais, em casa, sempre faziam apresentações. Com 11 anos a atriz passou a “fugir” para o Centro de Araruama para fazer aulas de teatro na praça, na época com a professora Adriana Barbosa.
Em 2001, iniciou as aulas de teatro com a professora Ângela Dantas e em 2005, juntamente com Alexandre Marinho, fundou o Grupo Teatrama.
“Na época eu e Alexandre nos juntamos para fazer uma esquete e participar de um festival na cidade. Na ocasião recebemos várias premiações e decidimos fundar o Grupo Teatrama”, explicou Perla Duarte sobre o início do grupo.
Começamos então a dar aulas, inclusive tínhamos um convênio e recebíamos alunos das escolas municipais. Nessa ocasião surgiram muitos nomes do cenário cultural da cidade.
“Os benefícios das aulas de teatro nas vidas desses jovens sempre foi muito amplo, desde a parte artística, onde alguns se identificam como atores, como nas questões de socialização e até mesmo no desenvolvimento educacional. Algumas crianças não liam e passaram a desenvolver a leitura do teatro”, ressaltou sobre a importância do teatro na vida dos jovens.
“No palco somos todos iguais, não existe distinção de corpo, cor, sexualidade nem classe social”, destacou Perla.
O período de pandemia restringiu as atividades culturais, mas Perla continuou realizando apresentações no formato online. Agora com a flexibilização estão voltando às apresentações de peças na praça e teatro. As aulas também devem ser retomadas, ainda esse ano no novo endereço do grupo: Avenida Brasil, n° 920, sala 206 no Parque Hotel.
Hoje Perla conta no Grupo Teatrama, também, com o “braço direito” Luiz de Souza, que juntos com toda a equipe, estão sempre montando peças, escrevendo e participando de editais e concursos.
“O grande sonho do nosso grupo é ter um grande espaço para apresentações, como um teatro, onde possamos receber inclusive outras manifestações culturais”, falou sobre expectativas do grupo.
Durante a pandemia, Perla Duarte, passou por um processo de tratamento de saúde e em momento nenhum deixou de fazer o que ama: TEATRO.
“Mesmo na pandemia e em tratamento médico fiz vídeos e poesias. Neste processo tive ainda mais certeza de que não quero nunca deixar de fazer teatro. As apresentações de teatro da praça, o teatro de rua, são onde me sinto viva e intensa. Já falei que quando eu estiver velha, podem entrar com a cadeira de rodas, me deixa lá no palco, que alguma coisa boa vai sair!”, contou a atriz sobre o desejo de sempre poder atuar.
Perla Duarte finalizou a entrevista ao Portal Costa do Sol falando do quanto se sente feliz de reencontrar alunos do teatro e poder ouvir deles como as aulas foram importantes em suas vidas, aumento a autoestima e contribuindo para que pudessem se expressar melhor em diversas áreas.
Fotos: Dani Gomes e arquivo pessoal
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