O grupo Pais Eficientes de Araruama foi fundado, em 2020, por Dani Leal, mãe do Lucas que é autista e hoje tem 14 anos. O movimento reúne pais, responsáveis legais e pessoas com deficiências, síndromes ou transtornos com o objetivo de conscientizar famílias, sociedade e governantes com relação aos direitos das pessoas com deficiência em Araruama.
O Portal Costa do Sol conversou com a fundadora e vice-presidente do grupo: “A ideia surgiu após um bate papo entre mães de um grupo sobre autismo no whatsapp. Nos reunimos para conhecer o Pais Eficientes de Saquarema, que prontamente contou sua história de superação e luta para a criação do Centro Municipal de Reabilitação, um lugar de acolhimento às famílias e seus filhos especiais.”
O grupo então iniciou as reuniões, juntamente com o Pais Eficientes de Iguaba Grande, tornando-se conhecido entre as famílias e outros grupos, que uniram-se numa só voz, para lutar pelo aumento da rede de apoio municipal às pessoas com deficiência, abertura do Centro de Reabilitação e/ou criação de uma secretaria ou superintendência da pessoa com deficiência, bem como por em ação o Conselho Municipal de Defesa das Pessoas com Deficiência, que foi criado pela lei 1335 de 23 de novembro de 2005 e posteriormente alterada pela lei 1949 de 20 de abril de 2015.
Segundo Dani Leal, inicialmente o grupo faz o acolhimento do responsável pela pessoa com deficiência. Passa informações à cerca das leis, direitos e deveres deste responsável. O grupo também realiza reuniões, participa de rodas de conversa e eventos como o “Páscoa Eficiente”, onde arrecadam caixas de bombons que são entregues aos assistidos e também aos institucionalizados no CAI, Centro de Atendimento Integrado Protógenes Guimarães, além de entrevistas com mães especiais que também são profissionais, bem como divulgação de trabalhos de outros profissionais e a importância do que fazem para à pessoa com deficiência através de lives no Facebook.
As famílias assistidas pelo PEA recebem orientação jurídica, atendimentos gratuitos em instituições parceiras como o INN Health Center, participam de atendimentos voltados ao cuidador oferecidas pelo Núcleo de Atendimento às Famílias Especiais (NAFE), entre tantas outras ações que visam o bem estar dos pcds e seus responsáveis legais.
Com este trabalho, o PEA busca levar informação a público sobre deficiências, síndromes e transtornos que acometem cada vez mais pessoas, buscando assim o cumprimento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, garantindo inclusão e acessibilidade na educação e prioridade nos atendimentos em saúde, por ter conhecimento de que quanto mais cedo iniciam-se as terapias, maiores as chances de autonomia da pessoa com deficiência.
“O Pais Eficientes de Araruama está aberto para receber qualquer pessoa responsável legal por um deficiente de qualquer idade, bem como receber o próprio pcd, sendo ele parte ou não de qualquer outro grupo ou instituição, por entendermos que quanto mais órgãos, instituições e grupos existirem realizando este trabalho, alcançaremos mais pessoas e famílias”, resaltou a fundadora.
O grupo está em fase de registro para tornando-se ONG e poder buscar mais recursos para oferecer atendimento aos assistidos, bem como voluntários e parceiros que queiram fazer parte.
“Nosso sonho é deixar uma Araruama mais preparada para receber nossos filhos em nossa ausência, pois o maior medo do responsável por um pcd é justamente esse: o que será do meu filho quando eu não estiver mais aqui?”, explicou.
Atualmente o Pais Eficientes de Araruama tem como presidente as mães especiais: Dra. Tatiane Ourique, advogada militante da causa e como vice-presidente Dani Leal, funcionária pública efetiva e jornalista sindicalizada, contando também em sua estrutura administrativa com outras mães, como Patrícia Azeredo, pedagoga formada em Letras e com especialização em Neuropsicopedagogia e educação especial inclusiva, Marcia Calzavara, professora de educação infantil, aplicadora ABA cursando pós em neuropsicopedagogia clínica e instrucional e Joany dos Santos, assistente social.
Dani Leal é mãe do Lucas, autista, de 14 anos que até os 6 não havia sido diagnosticado pois na época ainda haviam poucas informações sobre o autismo. Aos 3 anos a escola onde estudava emitiu um relatório comportamental e solicitou que ela buscasse um neuropediatra para avaliar o meu filho para que isso auxiliasse em seu pleno desenvolvimento.
“Assim iniciei uma verdadeira guerra contra o tempo, contra a desinformação, o preconceito e a falta de interesse de profissionais e até mesmo de membros da família que não compreendiam o autismo (o que muitas famílias vivem até hoje). Ao longo dessa jornada tivemos problemas com escolas diversas, médicos, terapeutas e também problemas familiares que levaram inclusive ao término da relação com o pai do meu filho. O medo do desconhecido e a culpa eram minhas companheiras e me levaram também à depressão e à descoberta do transtorno de ansiedade generalizada. Me dividir entre os cuidados com meu filho, com a família e o trabalho eram verdadeiros obstáculos para a minha mente cansada, e graças ao apoio dos avós de Lucas e de grupos como o PEA consegui superar as dificuldades e sigo lutando para que meu filho tenha autonomia suficiente para não se tornar um fardo para a sociedade e que possa sim contribuir com dignidade para com minha cidade, estado e quiçá meu país!”, contou sobre sua trajetória.
“Mães, pais, avós ou você que cuida de uma pessoa com deficiência: você não está sozinho! Não desista do seu filho ou ente querido. Para cobrar uma sociedade mais justa para todos, precisamos estar cientes dos nossos deveres e assim garantirmos nossos direitos! Desistir para nós, NÃO É UMA OPÇÃO.”
O grupo está em busca de patrocínio para as camisas. Quem desejar ser parceiro PEA pode fazer contato no whatsapp (22) 98805-5263 ou pelo facebook ou instagram @paiseficientesdeararuama ou ainda pelo email paiseficientesdeararuama@gmail.com.
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Por Fernanda Guterres Santana
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