O filme “Barbie”, produzido pela Warner Bros, quebrou vários recordes de bilheteria desde sua estreia em 20 de julho, entre eles, ultrapassando mais de US$ 1 bilhão em bilheteria mundial e se tornando o maior faturamento da história em uma estreia com um longa-metragem dirigido por uma mulher.
Esse sucesso todo não é à toa, após semanas sendo sucesso de bilheteria, o filme do momento se consolida como completo e complexo, trazendo referências que vão desde “Os Guarda-chuvas do Amor” até “Matrix”. A obra aborda assuntos reais de forma leve, emocionando qualquer um que já brincou com a boneca na infância.
No longa, após decidir sair da “Barbielandia”, um mundo visualmente perfeito, para descobrir o mundo real, Barbie (Margot Robbie) se encontra perdida em meio as loucuras das emoções e vulnerabilidades do mundo feminino, enquanto entra em uma aventura ao lado do seu insistente namorado Ken (Ryan Gosling). A partir disso, o enredo se aprofunda de forma lúdica, à uma jornada emocionante sobre alto-conhecimento.
“São tantas camadas de referências, metáforas, metalinguagem, críticas a própria indústria do cinema e a dinâmica da sociedade que se torna inevitável não querer assistir uma segunda vez e experienciar tudo de novo. O filme vai além de todo o universo rosa, reconfortante e cômodo, e traz vertentes profundas e dolorosas do universo feminino das formas mais sutis, por vezes nem tão sutis assim, mas sempre com a dosagem certa de um humor ácido, comédia e drama. Pode se dizer que ele funciona como um choque e um acalento a todas as mulheres que vivenciam a idealização, a masculinidade tóxica, o patriarcado e toda hierarquia social que conhecemos”, destaca a estudante de Produção Cultural, Victoria Gritlet.
Mas Barbie não foi só elogios, a produção dividiu opiniões por fugir do “esperado”, e desagradou uma parcela do público que foi ao cinema esperando mais um clichê infantil cor de rosa e, em oposição, encontrou uma protagonista independente e forte, mas que expressa questões reais do mundo feminino.
O longa dirigido por Greta Gerwig, foi alvo de diversas críticas negativas e fake news antes mesmo de seu lançamento, por parte de alguns grupos sociais que alegaram ser um filme que fugia dos princípios cristãos e valores da família tradicional por trazer críticas a submissão feminina e a masculinidade frágil.
A estudante de Produção Cultural, acrescenta que o motivo para tantas críticas, existe pelo fato de o longa retratar um homem em segundo plano como um coadjuvante, papel que na maioria das vezes é destinado às mulheres. “É possível não apenas comprovar ainda mais o principal argumento que a diretora Greta Gerwig leva a discussão, como também trazer a reflexão sobre como a dinâmica da hierarquia social em que vivemos pode influenciar diretamente a forma em que um indivíduo pode captar a mensagem de um filme e perceber toda cultura ao seu redor”, conclui Victoria.
“A obra não queria ridicularizar os homens, a obra queria, de fato, mostrar que dentro da nossa sociedade o machismo está instaurado. Quando ele vai para a sociedade da Barbie, ele funciona de uma maneira muito parecida como funciona para a gente e, os comportamentos que a gente considera ridículos no sentido dos “Kens”, são comportamentos que a gente observa nos caras hoje em dia, de várias maneiras, mas enxergar e aceitar que isso acontece, normalmente, não é um processo simples. Para além disso, também existe os grupos conservadores que eu acho que sempre vão falar quando um filme se propuser a fazer algo diferente”, destaca a Crítica de Cinema Andressa de Almeida.
Para as meninas que cresceram assistindo as animações e brincando com a boneca mais famosa do mundo, poder ter a oportunidade de experienciar esse filme, é algo muito especial e nostálgico. Existem inúmeras coisas fundamentais que compõem o sucesso de um filme, mas Greta Gerwig, prova que talento e paixão é, sem dúvidas, a principal delas.
“Eu acho que é um filme muito importante, não apenas por que é o primeiro filme dirigido por uma mulher que alcançou 1 bilhão de faturamento, isso também é muito relevante, mas eu acho que, o que é realmente valoroso nele, é como ele consegue tocar mulheres de todas as idades de uma maneira muito profunda e sincera. Não é, definitivamente, um longa só sobre uma boneca, é um longa sobre a gente entender o que a gente está fazendo aqui e perceber que a gente é vítima de várias violências sendo mulher, mas que ser mulher é muito bom ainda assim. Eu acho que essa é a grande mensagem que tem ali contida na obra”, conclui Andressa.
Por Letícia Zamboni (Estagiária)