Neuropsicopedagogia: o que é?

A Neuropsicopedagogia é uma área multidisciplinar que se responsabiliza pelo estudo e cuidado com a aprendizagem. Ela se ocupa em tratar e solucionar dificuldades cognitivas, facilitando e melhorando o processo de aprendizagem e comunicação.

A pedagoga Dóris Xavier é especialista em Transtornos Globais do Desenvolvimento, e trabalha com isso há muitos anos. Nasceu no Município vizinho de Saquarema onde trabalhou com educação infantil nos anos 80. “Em seguida me mudei para Brasília onde permaneci 24 anos trabalhando com educação infantil”, disse ela.  

Diante da demanda dos meus alunos, fiz esta especialização em Transtornos Globais do Desenvolvimento, além de Psicopedagogia. Convivi com vários alunos com transtornos, aí fui estudar Neuropsicopedagogia para melhor atendê-los, explica Dóris.

Dóris atua em uma escola no Município de Saquarema, além do atendimento clínico à crianças e adolescentes numa clínica multidisciplinar em Bacaxá e em Araruama. “Realizo avaliação e intervenção, além de atendimento em casa do paciente”, diz.

 – A neuropsicopedagia é uma ciência nova no Brasil, dos anos 80. É uma ciência transdisciplinar, suas bases são a neurociência aplicada em Educação com interfaces da pedagogia e da psicologia cognitiva. É o estudo da relação entre o funcionamento do sistema nervoso central e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional.

Como identificar os distúrbios ou transtornos que uma criança tem?

 – A dificuldade de aprender é pontual. Está no controle do professor.  O aluno perdeu um conteúdo, faltou e não aprendeu. Transtorno ou distúrbio demanda avaliação e mudança estrutural na forma de articular esse ensino. Nesse caso, o professor é apenas uma parte, complementa a pedagoga.

Como é o trabalho de um neuropsicopedagogo?

– Ele não trabalha os conteúdos curriculares, e sim habilidades, que são pré-requisitos para aprendizagem. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância –UNICEF, em 2021 surgiu a geração covid, que são crianças e jovens com necessidades de atendimento especializado, aqueles que ficaram em casa, sem estímulo nenhum dessas equipes multidisciplinares. As crianças que deveriam ser alfabetizadas em 2020 e 2021 também ficaram em casa atrasadas, tendo em vista que a aprendizagem se dá de maneira multissensorial, o que o ensino remoto não privilegiou, esclarece Dóris.

O trabalho de um neuropsicopedagogo é muito importante para que a criança com algum distúrbio possa ser diagnosticada e tratada.

-Se rastreio evidências de dislexia eu encaminho para o neuropediatra para que ele faça testes de inteligência. Essas pessoas têm menos massa cinzenta que pode gerar problemas no processamento da estrutura sonora da linguagem. Seis a 7 por cento da população mundial tem dislexia, três vezes mais frequentes em meninos, conforme pesquisas científicas.

A neuropsicopedagoga Dóris Xavier destaca outros distúrbios que devem ser tratados:

-Muito comum em diagnósticos é a Deficiência Intelectual, que é um atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor., uma imaturidade cognitiva, um atraso na habilidade de memorizar informações verbais, dificuldade de associar, generalizar e abstrair informações, dados e tarefas, déficit adaptativo, fraca conectividade neural, diz ela.

-O Transtorno do Espectro Autista pode ser verbal e não verbal. É caracterizado por um déficit na interação social, problema de comunicação verbal e não verbal, comportamentos repetitivos. Estão associados ao déficit intelectual em 50% dos casos e com os de alta habilidade entre 5 e 10% dos casos. Tem dificuldade em entender comunicação e interação social. Pode falar e não se comunicar. Eu tenho criança não verbal, com uma dificuldade maior de ser alfabetizada. Eles têm uma hiperpopulação anormal de neurônios, por isso são mais visuais, aprendem pelos estímulos visuais. Importante observar que falta de atenção não é sinônimo de indisciplina, complementa Dóris.

-Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade -TDAH– pode ser com desatenção ou com hiperatividade e impulsividade. Ele pode ser desatento, desligado, no mundo da lua, erra a prova porque não prestou atenção nos detalhes, fica adiando tarefas de maior esforço. Hiperativo, impulsivo, não para quieto, age sem pensar, responde antes de ouvir a pergunta, não consegue esperar na fila. Claro que não são só esses sintomas. O TDAH é genético e esse diagnóstico se dá a partir dos 12 anos de idade. Ele precisa de rotina, de regularidade, de repetição. Tem dificuldade na inibição, não consegue filtrar, finaliza.

@dorisxaviercal

Por Renata Castanho

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com

Conteúdo não disponível para cópia