Entender o contexto em que os automóveis foram inseridos é muito importante! Na década de trinta em Araruama, as estradas eram estreitas e de chão batido ou areia. Como já existia a Estrada de Ferro, a locomoção das pessoas poderia ser a pé, a cavalo, de barco ou de trem; e nessa época só quem tinha carro era o Sr. José Maria Castanho.
E respondendo a questão. Sim!!! O Ford 29 que andou por aqui pertencia ao Sr. Manoel Gomes da Silva, que deixou um depoimento de como ele conseguiu o automóvel em entrevista publicada no Livro: Araruama: no Tempo das Histórias:
[…] Em 62, 63 pra cá, comprei um Fordinho 29. Aliás, eu não comprei, o cara – é o tal negócio: o cara de São Paulo, lá de Mogiguaçu, comprou um caminhão de sal. Então levou o Sal. Voltou na Segunda viagem: ”Ah, não tinha o dinheiro para trazer, coisa tal, na próxima viagem eu vou ver se trago”. “Tudo bem”. Quando foi na outra viagem, ele veio e disse: “ Ah, eu não trouxe o dinheiro, porque os caras não pagaram, mas eu tenho um negócio lá que vai servir para vocês aí, aliás para você”. Eu disse: “O que é?” “É uma caminhonetezinha Ford 29, bonitinha, reformadinha, tá muito bonita e tudo. Eu queria que você fosse lá para ver e fazer negócio.” “Eu disse tudo bem, vamos fazer negócio.” Eram noventa cruzeiros naquela época – noventa cruzeiros era dinheiro para diacho. Aí falei com meu pai: “Papai, é isso assim, assim, coisa e tal, temos que pegar esse dinheiro – uma coisa na outra. É dinheiro, Né?” Ele disse: “Ah, vai lá fazer o negócio, faz lá o negócio”. Eu fui com ele. Embarquei no caminhão, fui junto com ele a São Paulo, fiz o negócio da camionete. Eu esperei cinco dias lá, até ele arrumar a carga, botar a camionete em cima do caminhão para, encher tudo de carga. Até em cima da carroceriazinha da camionete, veio carga para fazer peso, pra não balançar muito. Aí então, eu trouxe esse carrinho. Com esse carrinho já dava para a gente se movimentar, pra um lado pro outro, e se virava, né? (SECRETARIA, 1992, p.83).
Muito além do simbolismo do carro, o automóvel é símbolo da modernidade, onde o seu surgimento traz consigo muitas mudanças e dentre elas a noção de tempo também foi mudada. Com as construções de estradas de rodagem existe uma aceleração do desenvolvimento urbano. O reconhecimento de um carro como patrimônio, não é apenas estar em um acervo de Museu, existem também os automóveis, como Museus vivos que desfilam por aí com a placa preta.
O automóvel também é um Patrimônio importante para a memória de Araruama e Região, é válido mencionar que, em Araruama existe o Clube de Veículos Antigos de Praia Seca – CVAPS fundado há 9 anos, que realiza anualmente a tradicional Exposição de Automóveis Antigos no mês de agosto, e também realizam diversos outros eventos em outros Municípios.
E se você ficou curioso para saber como é um Ford 29, ele ainda anda por aqui, não perca a próxima exposição do CVAPS! E Se você quer saber mais de Araruama, vem comigo que eu te conto!
O crédito da imagem é um Ford 29 estilo pick up, possivelmente seria o modelo do depoimento do Sr. Manoel, disponível no Site the Garage.
Aline Vecchi
@aline.vecchi.3
Sim, acompanhando ha mts anos as feiras dessss e outras preciosidades e suas histórias🏎️🚙inclusive motohome