Venho militando em educação há algumas décadas. Acostumada a ouvir discursos de derrota de que o mundo não é mais o mesmo, de que a família acabou, que não existe mais respeito, que a educação está falida e que o professor é um pobre coitado.
Sempre fiz parte do grupo positivista que acredita no humano e que percebe que em todos os momentos da história as sociedades passaram por transformações em seus valores éticos, morais, culturais e econômicos.
Mas hoje me encontro pasma ao constatar a crise do humano, do olhar ao alheio, da simples preocupação com os seus. Sei que vivemos numa sociedade que prima pelo individualismo, pela satisfação imediata e instantânea. Pelo “meu” o “eu”. Mas não “entendo” e não aceito a ausência de que valores essenciais ao convívio civilizado possam ser desprezados em prol da satisfação e interesses pessoais.
Não me cabe ser juíza de nada, mas não posso calar diante do desrespeito à pessoa, ao humano. Precisamos repensar as relações diárias, a troca dos saberes, do afeto, das diferenças. Olhar com empatia os que estão no nosso entorno, independente de gênero, biotipo, idade, religião, viés político, classe social.
Vejo que cabe à escola ser lugar de exercício de cidadania, ética e respeito à diversidade. Um espaço aberto às novas formas de relação do indivíduo como ser pleno de suas escolhas e capacidades. Inicio hoje essa coluna no Portal Costa do Sol com este tom: um olhar aberto ao infinito futuro, onde seremos todos quem somos na beleza de ser único e plural.
Espero poder contribuir para essa construção trazendo sempre temas que nos façam pensar fora da caixa, crescer na esperança e na vivência diária dos caminhos do educar.
Valéria Amaral
Professora, Historiadora, Gestora e Psicopedagoga, Militante em Educação, atualmente no CIEP 148, em Araruama-RJ. Mãe de Gabriela, Fernando e Eduardo, avó de Vitor.