Da Música ao Audiovisual: A trajetória do jornalista Marcos Serpa

A trajetória do jornalista e produtor audiovisual Marcos Serpa é um testemunho do poder da comunicação na preservação da memória cultural. Com mais de três décadas de atuação, Serpa, criador da Araru TV e fundador da Serpa Filmes, dedicou sua carreira a inovar e a contar as histórias da Região dos Lagos. Em entrevista ao PodCosta, ele destacou que seu trabalho no audiovisual e no jornalismo impresso sempre teve um objetivo central: evitar o “apagamento cultural” e garantir que as narrativas locais não se percam com o tempo.

Sua paixão pela comunicação começou cedo, mas foi precedida por uma passagem pela música. Na adolescência, tocou em bandas de rock e, após se mudar para Araruama, montou o Estúdio Lagos, onde produziu artistas de variados gêneros, desde gospel até funk, incluindo a ex-BBB Solange Sol. A transição para o audiovisual veio com a popularização da tecnologia, que tornou os estúdios caseiros uma realidade. Foi quando Serpa decidiu migrar para o jornalismo e a produção de vídeos, levando consigo a experiência sonora que hoje aplica na criação de trilhas para seus documentários.

Antes de se estabelecer no audiovisual, Serpa viveu uma curiosa e meteórica incursão na política. Em 1992, com cerca de 20 anos, candidatou-se a vereador em Duque de Caxias de forma quase acidental, para defender o direito de sua banda tocar após um show ser proibido. Sua campanha, marcada pela irreverência e um jingle com um apelido peculiar, “explodiu” e viralizou antes mesmo da internet, rendendo-lhe quase três mil votos. No entanto, sua candidatura foi cassada uma semana antes da eleição por ser considerada “ofensiva”. Ele enxerga o episódio como um desvio de rota feliz: “Se eu tivesse sido vereador… a vida teria ido para outros lados”.

O grande legado de Serpa se materializou com a criação da Araru TV, um dos primeiros canais de audiovisual online da região, que surgiu para romper com a ideia de que a produção de conteúdo estava restrita às TVs tradicionais. O projeto, que começou em 2008, não apenas formou novos comunicadores, mas também acumulou um vasto acervo de memórias da cidade. Atualmente, esse material está sendo resgatado e digitalizado por meio de uma lei de incentivo e disponibilizado publicamente no site do canal, garantindo o acesso a entrevistas e registros históricos que, de outra forma, estariam fadados ao esquecimento.

Além do trabalho pioneiro na internet, Serpa deixou sua marca no jornalismo impresso com a criação do polêmico e popular “Jornal Carapeba”, que deu origem ao personagem “Jorge Carapeba”. Agora, essa história será contada no livro interativo “Acabou o Papel?”, que resgata a era de ouro dos jornais locais. Seu foco, porém, permanece no audiovisual, com a produção de documentários como “Sobara Para Sempre” e a série “Praia Seca”, que mapeiam a história e a resistência cultural de comunidades da região, muitos deles viabilizados por leis de incentivo que ele defende como fundamentais para a preservação da memória.

Olhando para o futuro, Marcos Serpa e a Araru TV agora se preparam para funcionar como um Ponto de Cultura, focando no audiovisual. O objetivo é promover oficinas, cineclubes e salas de podcast, formando as novas gerações. Sua mensagem para os jovens é de incentivo: “Gente, vocês estão com a faca e o queijo na mão. Aproveitem”. Ele convida todos a participarem desse movimento para que Araruama e a Região dos Lagos não apenas resgatem seu passado, mas também construam, a partir de agora, as histórias que serão contadas nos documentários do futuro.

Por Luigi do Valle

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