No dia 15 de fevereiro de 2022 choveu como nunca na história de Petrópolis. A tragédia na cidade da Região Serrana provocou deslizamentos de terra e enchente em vários pontos da cidade e, ao todo, pelo menos, 238 pessoas perderam a vida.
Além de visita de chefes de estado, como o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), a tragédia mobilizou o país inteiro em solidariedade e doações. De repente, todos os olhos da imprensa se voltaram para o acontecimento.
A produtora Larissa Vilarinho trabalha na Inter TV, afiliada da Rede Globo no interior do Estado. Apesar de dar expediente na sede em Cabo Frio, Larissa trabalhou ativamente na produção de materiais ligados à cobertura da tragédia em Petrópolis.
“Eu acho que a maior dificuldade foi ter produzido à distância, sem estar na cidade vivenciando tudo aquilo. Mesmo assim, eu acho que a gente conseguiu fazer um bom trabalho”, opinou Vilarinho.
Além das questões próprias da tragédia, cobrir chuvas tem um significado diferente para Larissa. A jornalista era adolescente e morava em Nova Friburgo em 2011, na época da maior tragédia climática do Brasil.
Larissa contou ao Portal Costa do Sol como é acompanhar uma tragédia, desta vez enquanto profissional da comunicação.
“Eu nunca imaginei que, na minha carreira, eu passaria por isso de cobrir uma tragédia justamente por já ter vivido uma. É muito diferente você viver e de você cobrir”, afirmou.
“É muito triste, muito angustiante porque você consegue se identificar em vários pontos vendo aquelas pessoas passando por aquela situação”, lamentou Larissa.
A produtora destacou vários momentos que considera marcantes nessa cobertura.
“Eu acho que não tem como não citar aquela mãe procurando a filha nos escombros, aquela imagem é emblemática demais. Também todas as imagens dos ônibus sendo arrastados, todo o drama daquelas famílias procurando seus familiares e ver que, mais de 30 dias depois, ainda tem desaparecidos da tragédia”, finalizou.
Petropolitano, o repórter Vitor Mattos trabalhou na cobertura das chuvas como freelancer para a Band.
“Apesar de já ter trabalhado em cobertura de chuvas e de enchentes em Petrópolis, eu não estava como jornalista em 2011, quando foi, até então, a maior tragédia climática. Eu tava numa emissora de tv como produtor de entretenimento, mas aquilo mexeu muito comigo e eu não parava de pensar em tudo aquilo”, relembrou Vitor.
A realização de um sonho de entrar em rede nacional contrastou com o trágico plano de fundo do ocorrido.
“Essa tragédia desse ano caiu na semana do meu aniversário que eu ia comemorar pela primeira vez depois da Pandemia, dois anos sem festa. E caiu no colo essa missão de partilhar informações a nível nacional do que tava acontecendo na minha cidade”, lamentou.
“Eu sempre esperei estar em TV aberta ou de alguma afiliada de uma forma pontual, mas eu não acreditava que isso poderia acontecer na minha cidade, que eu poderia comunicar para o Brasil estando na minha cidade. Foi um grande desafio falar com as pessoas muito sensibilizadas, pessoas que passaram por algumas situações muito delicadas”, contou Vitor.
Vitor destaca que a abordagem dele e do colega Lucas Alberguine era de explicar para as pessoas que eles estavam ali para dar voz, para ouvir, para cobrar as melhorias e não para explorar a desgraça que elas estavam vivendo.
A história que mais marcou o repórter foi a de uma família que reconheceu, em meio a tragédia, o corpo de um jovem de 21 anos mas não o encontrou no IML para que ele pudesse ser formalmente reconhecido e enterrado com dignidade.
Outro ponto destacado por Vitor, mas bem mais solar, é do menino Noah, que, nas proximidades do Morro da Oficina, o ponto mais atingido pelas chuvas, se encantou pelo trabalho dos bombeiros.
Aos quatro anos, Noah foi adotado pela corporação, que decidiu transformá-lo em mascote. O menino ganhou até farda e um chapéu.
“Isso foi lindo, a gente conseguiu contar essa história, mostrar o Noah e mostrar que existe um pouco de esperança em meio ao caos que a cidade vivia naquele momento”, concluiu Vitor.
@vitorrmattos
@larissavilarinho
*Por Luiz Felipe Rodrigues, estagiário sob a supervisão de Renata Castanho.