Inquietação. Substantivo feminino. Estado de inquieto, do que se acha em agitação. Palavra melhor não há para descrever a professora Fátima Rocha, de 64 anos. Aposentada há oito anos, Fatinha, como todos a conhecem, nunca conseguiu parar de trabalhar.
A primeira formação universitária de Fatinha foi Língua Portuguesa e suas Literaturas, mas o primeiro emprego foi como auxiliar administrativa e vendedora de portas, portões, janelas, em madeira maciça no bairro de Botafogo, no Rio.
A professora por vocação também fez gerenciamento em Recursos Humanos em grandes indústrias multinacionais e, paralelamente, fez aconselhamento em Dependência Química.
Além da sala de aula, deu aulas particulares para concurseiros: “Foi, nesse momento, que escolhi ser quem eu sempre fui e não me via como tal: uma professora de mente, alma e coração, voltada ao aprender e ensinar por e com amor”.
Fatinha nunca deixou de lecionar. Hoje em dia, leciona gratuitamente, apenas para crianças que passam para o quinto ano e não aprenderam a ler ainda.
“12, 13, 14 anos quase analfabetos. Filantropia mesmo, apenas alfabetizando, deixando o mundo melhor do que encontrei”, disparou Fatinha.
Com a aposentadoria e a Pandemia da COVID-19 de 2020 para cá, porém, Fátima descobriu habilidades manuais que nem sabia que tinha.
“Me tornei hábil como artesã. É o grande causador da minha saúde mental, física, pouco social e muito espiritual, manterem-se em equilíbrio”, relatou a professora aposentada.
“Passei a produzir peças em pallets, desenhos e pinturas de mandalas, confecção de japamalas, aumentei muito o meu nível de resultado, diminuindo o meu nível de esforço. Trabalhar com método e alegria, melhorando a qualidade dos meus dias”, explicou Fatinha, que, aos poucos já começa a trabalhar com a venda das peças.
Além disso, Fatinha conta que aprendeu a administrar o tempo, se disciplinar com relação a ele e viver sem achar que faz coisas demais.
“Taí a prova viva, tenho tempo para dedicar-me no momento a essa entrevista, a participação como autora do livro ‘As Drogas e as sua consequênciasbio-psico-sócio-espiritual’ e também uma live, ainda nesse mês, para divulgar o mesmo livro. Situações fora da minha rotina diária”, contou Fatinha.
Para a professora, essa ampliação de horizontes fica mais fácil depois da aposentadoria: “Os desafios são outros, nem mais fáceis e nem mais difíceis. Aprender na aposentadoria exige de nós, sabedoria, disciplina e até uma certa rotina, além de uma vontade inabalável de acertar, viver bem, ser e fazer feliz”.
Com a idade, Fatinha já começa a sentir algumas limitações. Mas, segundo ela, nada que a impeça de continuar assumindo o controle da vida dela.
“Sem dúvida nenhuma, posso afirmar que estou longe de sentir-me velha”, brincou a professora.
“Nosso cérebro deve ser programado por nós mesmos a ser uma mente vencedora, vencedora de todo e qualquer obstáculo. E a cada obstáculo ultrapassado devemos comemorar com alegria… A idade é o que menos importa quando sabemos fazer o melhor do nosso tempo”, concluiu Rocha.
Recentemente, por sua contribuição à sociedade, Fatinha recebeu o título de cidadã araruamense. O reconhecimento veio pelo seu trabalho na escolarização de adolescentes e adultos, além do acolhimento a dependentes químicos.
“Por muitos anos venho trabalhando em prol do ser humano que realmente precisa ser auxiliado e deseja sinceramente esse auxílio, sendo através da escolarização ou prevenção ao uso e abuso de drogas. Pois, são situações que estão ao meu alcance devido ao meu aprendizado e conhecimento sobre os assuntos”, afirmou Fatinha.
“Para mim é extremamente significativo poder doar o pouco que tenho e o muito de amor que recebo em troca, em cada sorriso de quem aprendeu a ler e em cada dependente químico que se mantém em recuperação (sem usar droga). É apoiar para transformar”, arrematou a professora.
Fatinha é maravilhosa!!!!
Essa dona Fátima é demais! uma vida cheias de pequenos atos de amor, que juntos formam uma grande mulher!!
Exemplo de mulher !!!