A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, é uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla. A rede está presente em mais de 2 mil municípios em todo o território nacional.
Em Araruama a unidade foi criada em 1992 e atende atualmente 56 pessoas, entre crianças, jovens e adultos com idades entre 3 e 63 anos.
Há vários anos a APAE Araruama passa por grandes dificuldades financeiras. Edvar Xavier Mota é o atual presidente da instituição e falou em entrevista ao Portal Costa do Sol sobre os problemas que a APAE vem enfrentando.
“Quando assumi a unidade, há dois anos, ela já passava por grande dificuldade com uma dívida na Receita Federal. Não estamos conseguindo refinanciar o valor. Precisaríamos dar pelo menos uma entrada de R$35 mil, para poder parcelar o restante de um total de quase R$200 mil. Sem resolver essa questão não podemos emitir a nossa CND Federal, e sem ela não recebemos recursos do município e nem do estado”, explicou sobre a atual situação.
“Esta dívida já se arrasta há muitos anos. Um dos antigos gestores deixou a dívida parcelada para o gestor seguinte que infelizmente não pagou o parcelamento. Eu vejo isso como uma irresponsabilidade, pois ele viu como uma dívida da “gestão” e não da instituição”, destacou.
Para Edvar Xavier uma das formas de melhorar a difícil situação da APAE seria através da doação de valores por empresários e moradores, para que pudesse ser dada a entrada para quitação da dívida e serem pagas as parcelas com a renda mensal da instituição. De acordo com ele, só com o parcelamento, a APAE pode voltar a ficar habilitada para receber recursos municipais e estatuais.
“Precisamos também de assessoria jurídica para auxiliar nesse processo de negociação com os órgãos federais”, ressaltou sobre a necessidade de assistência de advogados.
Segundo o gestor a unidade recebe atualmente ajuda da Prefeitura de Araruama com as merendas e o serviço de alguns profissionais como fonoaudiólogo e neurologista.
“A única renda que possuímos atualmente está em torno de R$ 7.500,00 provenientes das doações feitas através das contas de luz que são repassadas pela empresa Enel e de carnês que as mães contribuem com valores de R$10,00 e R$15,00 mensalmente” informou.
“Todos os nossos 17 funcionários são voluntários. Pagamos uma ajuda de custo de apenas R$400,00 por mês para cada um. Um valor até injusto, mas que eles aceitaram e nos ajudam com muita dedicação. Temos vários profissionais voluntários como fisioterapeuta, coordenadora, psicóloga, instrutor de capoeira, instrutores da equoterapia ,cozinheira entre outros.”
Atualmente a unidade se encontra sem professor, pois a voluntária que dava aulas foi para um emprego formal e precisou se afastar. Mesmo diante das dificuldades a APAE continua dando assistência a essas pessoas e as seus familiares com serviços de fisioterapia, fonoaudiólogo, equoterapia, psicologia e esportes.
Em entrevista, algumas mães e pais deram relatos sobre a importância do trabalho realizado pela instituição na vida e desenvolvimento dos seus filhos com necessidades especiais:
Neuma Lopez, mãe da Fabiane: “Minha filha já é atendida aqui há 19 anos. O trabalho oferecido foi fundamental para o crescimento dela. Hoje estamos precisando muito da ajuda das pessoas da cidade, moradores, vereadores, empresários. Lutamos muito por nossos filhos e pela APAE. ”
Márcia Godoi, mãe do Caio: “Meu filho ama a APAE. Os profissionais que trabalham aqui são voluntários e fazem um trabalho maravilhoso. Acho que o município, apesar da ajuda que já dá, poderia colocar um professor da rede de ensino aqui, pois nossas crianças estão sem aula no momento. Meu filho quer muito aprender. Ele merece isso.”
Daniele Faustino, mãe do Heitor de 14 anos: “O Heitor já está aqui há 11 anos. Quando ele chegou aqui não falava. Todos os voluntários trabalham aqui com muito amor. Mas precisamos de muito mais estrutura, terapias, atendimento ambulatório entre outros serviços.”
Célia Regina “Celinha”, mãe do Saulo de 23 anos: “Saulo gosta demais de vir para cá, ama os profissionais daqui. Precisamos muito que o município nos ajude com a contratação dos profissionais, cedendo alguns funcionários do município para trabalhar aqui como: professores, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas entre outros. Já diminuiria muito a nossa despesa mensal. A troca constante de pessoas atrapalha muito no desenvolvimento deles.
Temos dívidas com as instituições governamentais que não foram da atual gestão. Já estão se arrastando e só aumentando. Será que a Prefeitura poderia contribuir nos dando um assessor jurídico para auxiliar na negociação dessas dívidas? Somos filantrópicos e não temos condições de contratar um advogado. Os vereadores também poderiam nos oferecer essa assessoria jurídica. Podemos receber ajuda de vários ângulos e olhares, basta que se tenha um olhar de carinho com nossas crianças. ”
Neli Souza, mãe da Marcele de 23 anos: “Minha filha ama muito vir para cá. Ela tem paralisia cerebral e todos os voluntários a tratam com muito carinho e dedicação. O sonho da minha filha é escrever o nome dela, e ela ainda não consegue direito. Precisamos da ajuda de todos para a APAE poder continuar e melhorar esse trabalho.”
Natalino Messias, pai de Iranildo: “O trabalho realizado aqui é muito importante. Estamos precisando de muita ajuda para nossos filhos continuarem aqui estudando e se desenvolvendo cada dia mais.”
Em nota, a Prefeitura Municipal de Araruama informou que: “O município de Araruama paga subvenção de R$ 120 mil ao ano para Pestalozzi, e São Benedito; já a APAE não recebe tendo em vista a falta de prestação de contas. Sem documentação o município não pode pagar subvenção. ”
As pessoas que queiram colaborar com a instituição podem se tornar sócios e contribuir através de carnê com qualquer valor.
Contato APAE Araruama : (22) 99794-4221
Endereço: Estr. de Boa Vista, 245 – Itatiquara, Araruama – RJ.
@apaeararuama
Por Fernanda Santana