O que seria de nossa Ancestralidade Araruamense se não fosse o trabalho dos arqueólogos e dos profissionais que passaram pelo Centro de Memória e Museu? Nada, eu responderia, é muito comum que os sítios arqueológicos sejam destruídos no decorrer dos anos, pela ignorância, ao não reconhecer que aquela peça ou artefato pode ter seu valor histórico e científico ou por simplesmente uma especulação imobiliária ou mesmo a agricultura que de maneira agressiva, arranca de nós parte de nossa herança ou patrimônio.
Dando visibilidade a profissionais que são tão invisíveis no nosso cotidiano, sempre que falarmos de escavações arqueológicas precisamos mencionar arqueólogas como Lina Kneip e Ângela Buarque, dentre outros profissionais que pesquisaram a Região dos Lagos.
No artigo, ‘A Cultura Tupinambá no Estado do Rio de Janeiro’, a drª Ângela Buarque fala sobre os estudos que foram realizados nas peças cerâmicas do Sitio Arqueológico Morro Grande, que abrange uma área que incorpora o Colégio Honorino Coutinho.
As peças em cerâmicas foram as que mais resistiram ao tempo, outros artefatos como: enfeites em penas, armas e outros instrumentos de uso costumavam ser feitos de material mais perecível e por isso não se tem vestígios preservados desses materiais. Através da pesquisa arqueológica foi possível descobrir que a cerâmica tinha uma grande variedade utilitária e de formas, como: jarros, tigelas, pratos, panelas, urnas funerárias, em geral sua utilização está ligada ao dia-a-dia ou em rituais religiosos, seja para alimentação e preparo de alimentos, armazenar água e etc.; também possuem vários tipos de decoração, além de poderem ter pinturas com desenhos simples e sofisticados, alternando as cores: vermelho, branco e preto; entre algumas das principais decorações plásticas estão: corrugada, usando os dedos; a ungulada, usando a unha; a escovada, usando espigas ou estiletes produzindo incisões.
Contudo, não são só peças em cerâmica que podem ser encontradas numa escavação arqueológica, outros vestígios como: vestígios de fogueiras, buracos de estacas, dentes, restos humanos, líticos (pedras ou partes de utensílios como machado, ponta de flecha e lança) e etc.; são muito importantes para a análise e pesquisa científica para que surjam novas hipóteses sobre o cotidiano da nossa comunidade ancestral.
A cerâmica ganhou novos ornamentos quando os Tupinambás tiveram contato com os portugueses, tiveram como inspiração xícaras e outros utensílios, e assim a cerâmica ganhou alças e novas decorações.
A tradição cerâmica não é muito diferente hoje, podemos ver que está presente no cotidiano, seja no filtro de barro, na fruteira, no vaso de flores, panelas e travessas de barro, na moringa, e em vários outros utensílios rústicos ou com decorações mais modernas.
Se leu até aqui, agradeço! Gostou? Quer saber mais sobre a cerâmica tupinambá? Venha conhecer o Centro de Memória Municipal de Araruama, localização na Casa de Cultura, em frente à Praça São Sebastião, de 9h às18h, de segunda a sábado.