Amazônia – Rio: transformando vidas através do Artesanato e Moda Sustentável

Onde quer que chegue, o olhar empreendedor de Sandra Maria Barbosa vê a oportunidade de transformar, o que para alguns pode ser lixo, em novos produtos e materiais de trabalho para as artesãs da Amazônia – Rio.

“Empreendedorismo social para mim vai muito além de empreender. O empreendedor comum é aquele que trabalha para sua própria empresa. O empreendedor social é aquele que trabalha para mudar vidas e transformar a realidade de todo um território”, explica Sandra sobre o foco do projeto. 

A Amazônia Rio, hoje, é uma empresa de consultoria voltada para treinamento e capacitação profissional e gerencial com trabalhos nas áreas de turismo, cultura, artesanato e moda sustentável. Hoje o grupo atua principalmente na Região dos Lagos – RJ.

“Nosso foco hoje é falar do meio ambiente e da sustentabilidade através do reaproveitamento de resíduos que viram artesanato, arte, moda e renda para essas mulheres” destacou.

A história da fundadora

“Já na adolescência comecei a me interessar por trabalhos sociais e comunitários. Onde eu morava, em Niterói, se surgia algum problema, eu logo me oferecia para ajudar e organizar uma campanha”,  frisou Sandra Barbosa.

Com formação em Recursos Humanos ela lecionou a disciplina de Gestão Empresarial no SENAI e na Faculdade Estácio, atuando também como palestrante motivacional.

Dentro da Gestão Empresarial conheceu e começou a se especializar em “Empreendedorismo Social”. Por conta da “veia social”, atuou como voluntária durante dois anos, em São Gonçalo, em uma unidade do CRIAM – Centro de Reabilitação Integrada e Atendimento ao Menor.

Em 2014, foi convidada para coordenar um dos projetos do Pronaci – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania do Governo Federal. O trabalho era realizado dentro da comunidade do Salgueiro – RJ. Lá ela pôde por em prática todos os seus conhecimentos sobre “Empreendedorismo Social”.

Dentro da comunidade viu a oportunidade de realizar uma ação em conjunto com as moradoras, potencializando o talento de cada uma:

“Lidamos na época com mulheres com baixa autoestima, desempregadas e até vítimas de violência doméstica. Em busca de mudar essa realidade, reuni essas mulheres e começamos a produzir dentro da habilidade de cada uma. Busquei parcerias e começou aí um grande movimento de empreendedorismo na comunidade com a produção e venda dos produtos”, explicou.

Amazônia – Rio

O nome Amazônia Rio surgiu em 2007, quando Sandra morou em Belém do Pará. Já na época ela atuou em projetos na Ilha de Mosqueiro com o Turismo Comunitário, dando aulas de espanhol para adolescentes e adultos.

Quando voltou para o Rio fez parte de um projeto na Ilha de Paquetá, fazendo diagnóstico social para Petrobrás e também ministrando cursos dentro do Turismo Comunitário.

Amazônia – Rio em Niterói / RJ

Participou, já com o projeto Amazônia Rio, de uma capacitação internacional através do Sebrae e passou a identificar mulheres empreendedoras, fundando a Rede Niterói de Criatividade, coordenada pelo Amazônia – Rio.

O grupo era formado por artesãs de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Na época os trabalhos de 3 artesãs foram expostos na reinauguração do MAC, com peças voltadas para o turismo de Niterói-Rio.

Costa do Sol – Artesanato Sustentável e Meio Ambiente

Em 2016 Sandra veio morar definitivamente em Araruama – RJ.  Hoje a Amazônia – Rio faz parte do Condetur – Conselho Regional de Turismo da Costa do Sol do Estado do Rio de Janeiro, onde fez o lançamento do “Calango da Praia”, representando a biodiversidade de Praia Seca, distrito de Araruama.

 “Queremos trazer a representatividade da Costa do Sol através do artesanato, representando a nossa fauna e flora. Temos peças retratando o Mico-Leão-Dourado, nossos peixes da Laguna de Araruama, a Perumbeba, aTainha e o Cavalo-Marinho que resurgiu na Lagoa de Araruama”, explicou.

As artesãs buscam conhecimentos sobre as espécies representadas nos trabalhos: “Fomos até a faculdade Santa Úrsula, onde funciona o Projeto Cavalo Marinho, para conhecermos a espécie e poder realizar uma campanha de conscientização sobre a importância da preservação da espécie.”

Entre as parcerias o grupo conseguiu a doação de retalhos da loja “Farme”, o que agregou ainda mais valor e diferencial aos produtos.

Através da moda e artesanato o grupo realiza um importante trabalho focado na valorização e resgate da cultura do Quilombo de Sobara, localizado em Araruama. As obras das artesãs também retratam os índios Tupinambás, que habitavam a Região dos Lagos. 

Valorização das Artesãs

Hoje fazem parte do grupo 15 artesãs, moradoras de Araruama, Iguaba Grande e Cabo Frio. A Amazônia-Rio oferece capacitação e apoio técnico para essas profissionais através do “Coletivo Amazônia – Rio Sustentável”.

“Estamos estruturando toda a parte de documentos, direito de imagem e parcerias. Nossas artesãs participam de grandes eventos, em toda a região, levando os produtos para serem vendidos e movimentando a economia local”, explicou.

A Amazônia Rio realizou recentemente em Araruama, em parceria com o Sebrae Cabo Frio, uma palestra sobre a formalização de artesões e empreendedores de cultura. Através da parceria, algumas das artesãs já estão se formalizando através do MEI – Microempreendedor Individual. A formalização vai permitir um grande crescimento profissional e econômico.

O Portal Costa do Sol entrevistou uma das artesãs do grupo: Vera Fiore é moradora do distrito de Praia Seca, em Araruama, e além de artesã é professora e ambientalista. Atualmente  faz parte do Conselho da APA de Massanbaba e do Coletivo Amazônia-Rio.

“Conheci o projeto em 2019 participando da Lei Aldir Blanc, quando fiz os cursos de capacitação em moda e turismo com a Sandra. Ganho, dos moradores locais, muitos retalhos para trabalhar e materiais recicláveis como garrafas e folhas de coqueiros”, ressaltou Vera Fiore.

Coletivo Amazônia-Rio Sustentável

“A venda dos produtos é feita em feiras e nas redes socais. Através desse trabalho estamos incentivando a Cultura da Sustentabilidade, Empreendedorismo Social e Consciência Ambiental”, explicou Sandra Barbosa.

O Coletivo Amazônia-Rio Sustentável tem o objetivo de profissionalizar o trabalho dessas mulheres, trazendo conhecimento sobre a qualidade dos produtos, embalagens e venda online. O grupo respeita a individualidade e a marca de cada artesã, destacando os diferenciais e habilidades.

“Nosso objetivo e levar esse modelo de trabalho e capacitação de artesãs para outras cidades também. Queremos criar uma grande rede de economia solidária que valorize a cultura de cada local e traga crescimento para esses pequenos negócios”, finalizou.  

Por Fernanda Guterres Santana

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