Araruamenses e sua ancestralidade

Como já havia mencionado, a região foi habitada por grandes grupos indígenas que deixaram os vestígios de sua vida e tradições que talvez, para você que está lendo essa coluna, não havia percebido. Vamos conhecer um pouco do Grupo Tupiguarani e algumas semelhanças com a população atual !?!

Segundo a Arqueóloga Dra. Ângela Buarque, que participou e organizou pesquisas arqueológicas no Município de Araruama, o grupo que aqui viveu era da tradição Tupiguarani que pertenceu a populações horticultoras pré-históricas, habitavam a faixa litorânea no Brasil, faziam cerâmica policrômica e são ancestrais do grupo Tupinambá (grupo que viveu no litoral Nordeste e Central) e guarani (grupos que ainda vivem na Bacia do Paraná e no litoral Sul até a Argentina).

O que seria população horticultora? Significa que o grupo já cultivava, ou seja, plantavam mandioca amarga ou doce e milho, se alimentavam de outros vegetais, coletavam moluscos, peixes e caçavam outros tipos de animais.

No artigo de Ondemar Dias e Lílian Panachuck, ‘Características da Tradição Tupiguarani no Sudeste do Brasil’, acrescenta-se o cultivo do amendoim, e menciona a ocupação desde a região de Sepetiba até a Baía formosa, em Rio das Ostras.

E o que seria cerâmica policrômica? No artigo de Pedro Ignácio Schmitz, ‘A decoração plástica na Cerâmica da tradição Tupiguarani’, resumindo de maneira muito simplificada, significa que o grupo que habitava este território já dominava a arte de fazer tigelas de cerâmica para o uso doméstico, utilitário e ritual. E Policrômica? Significa pintura ou pintada. Algumas outras características desse grupo: vivia em florestas densas como bacia da prata e do Rio São Francisco e no Litoral Atlântico do Brasil, e pertenciam ao grupo linguístico do Tupi-Guarani e eram numerosos. Ainda segundo o Autor,

[…] A formas se apresentam como potes, tigelas, panelas e grandes vasos com ombro e pescoço; os tamanhos variam desde os pequenos potes que comportariam menos de 1 litro, até grandes vasos que aceitariam mais de 100; o acabamento da superfície externa divide-se basicamente em alisamento/polimento, pintura/engobe/banho e tratamento plástico; a superfície interna é alisada ou pintada. Os usos conhecidos e/ou sugeridos estão relacionados com preparo, consumo e conservação de alimentos e bebidas; algumas peças tiveram uso secundário ritual, na deposição de corpos ou ossos descarnados de falecidos da comunidade. (SCHMITZ, 2010, p.8)

            Lendo até aqui, para quem viaja de carro ou de ônibus, podemos observar a quantidade de panelas de barro, e aipim descascado à venda por aí, não é mesmo?  Pois bem, num simples olhar podemos dizer que a tradição cerâmica é uma tradição milenar que vem da herança indígena, e que permanece até os dias de hoje.

            Outra tradição é o alimento chamado Sola, só quem vive na Região conhece, vendido em São Vicente de Paulo ou na Feira em Araruama. Se você não experimentou, essa é a sua chance de provar um alimento com raízes históricas!

            E por falar em Raiz, nossa Exposição Raízes, que é gratuita, está aberta para visitação de segunda a sexta de 9h às 18h, bem como todas as informações dessa Coluna estão presentes em livros no Centro de Memória Municipal de Araruama.

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