Cabista nas telinhas: conheça o ator Max Magalhães

Max Magalhães é um galo que porrou na lula. No dialeto de Arraial do Cabo, cidade do ator, isso seria algo como um cabista que mandou bem. Aos 37 anos, Max coleciona participações em diversos produtos na televisão.

Na TV Globo, atuou, entre outros, no seriado “Sob Pressão” e na novela “Verão 90”. Na RecordTV, participou de “Gênesis” e “Amor Sem Igual”. Na HBO, esteve na série “Magnifica 70”.

Em conversa com o Portal Costa do Sol, Max falou sobre a carreira, primeiros passos, as oportunidades que teve de gravar para a televisão na cidade que ama e as amizades que construiu através das artes.

Portal Costa do Sol: Max, como a atuação entrou na sua vida?

Max Magalhães: Então, eu comecei pelo teatro, com 13 anos, aqui em Arraial do Cabo mesmo. Tive uma base muito boa, mas eu não pensava em seguir carreira. Com 19 anos, entrei para a faculdade de Educação Física, porém eu ainda conciliava com o teatro. Por acaso, participei de um festival de esquetes e fui indicado a melhor ator. Fiquei muito surpreso com essa indicação e foi aí que eu parei realmente pra pensar e decidir que a arte falava muito mais alto.

Por conta de alguns incentivos também de pessoas que já estavam no meio, eu resolvi largar minha faculdade e ir para o Rio de Janeiro estudar teatro. Lá, fui me descobrindo, estudando cada vez mais, e estou, até hoje. O teatro foi transformador na minha vida, até porque a raiz de um ator é o teatro, então estou até hoje me dedicando a arte.

Durante esse processo, eu comecei com um espetáculo de improviso que me ajudou muito, conheci grandes atores através dele, e um deles foi o Miguel Nader. Além de ter se tornado um grande amigo, é um ator brilhante, muito carismático e generoso. [Ele] me orientou bastante nesse ciclo. Sou muito grato a ele. Inclusive, minha primeira participação na televisão, foi através dele, em um dos quadros do seriado “Os Caras de Pau”, da Rede Globo.

Por coincidência, gravamos aqui em Arraial, foi engraçado que todos os atores desse quadro, estavam hospedados em uma pousada aqui em Arraial, e aí ele me chamou para ir lá conhecer o pessoal de elenco e da produção. Foi emocionante demais trocar ideia com eles, só gente fera!

Sem esperar, recebi uma ligação da produtora de elenco pela manhã me convidando para uma participação no quadro. Surtei. Fui voando para a pousada e foi mágico demais. Foi uma realização que não teve preço e isso me fortaleceu mais a seguir essa profissão tão linda.

PCdS: Qual experiência na televisão mais te marcou?

MM: Todas me marcaram muito. Cada trabalho foi um aprendizado, uma troca, uma experiência. Sou tão grato por cada trabalho que eu realmente não consigo ter um assim que “me marcou mais”, mas posso dizer que após eu ter feito o personagem Digão na novela “Verão 90” em 2020, dirigida pelo saudoso e genial Jorge Fernando, me deu uma visibilidade muito boa como ator. Foi um trabalho lindo, estar ali ao lado da Claudia Raia, Isabelle Drummond, Rafa Vitti, Jeniffer Nascimento, Humberto Martins, Dira Paes, Bel Kutner, Jesuíta Barbosa. Digo mais esses porque foram os que eu tive o prazer em contracenar. Foi uma novela linda, a produção, o elenco, a atenção que tive ali, todos muito generosos, foi realmente um divisor de águas na minha carreira.

Mas sou muito grato também a outros trabalhos que fiz, nas novelas “Orgulho e Paixão”, “Sob  Pressão”, da Globo, “Amor Sem Igual” e “Gênesis”, da Record. Inclusive, quero falar dessas duas produções também na qual tive a felicidade em participar. Ter participado de “Gênesis” foi um presentaço. É surreal a produção deles, o set, o cenário, tudo muito bem produzido, os detalhes, e ter contado uma fase daquela história, daquela passagem foi gratificante demais.

Claro, não poderia me esquecer da “Magnífica 70”, da HBO. Uma série que se passava na época da Ditadura Militar, a época da pornochanchada, méritos e todo respeito por esse trabalho também. Inclusive, a personagem era exatamente o meu nome, Max. Foi um hippie. Foi incrível demais, e ela também foi gravada aqui na Região dos Lagos em Praia Seca.

PCdS: Gravar cenas na região que você mora tem um sabor especial?

MM: Nossa, vou responder essa pergunta com muita sensibilidade, viu? Eu sou fascinado, apaixonado pela minha cidade. De fato, vou levá-la comigo para onde eu for. Arraial do Cabo é onde eu renovo minhas energias, tenho muito orgulho em falar da minha cidade, em ser cabista, fazer parte dessa população linda, o povo aqui é muito receptivo enfim.

Dando continuidade a sua pergunta, já é um presente você estar fazendo parte de uma novela ou série ou filme, e ela sendo gravada na sua cidade foi como ganhar na loteria, presente em dobro. Fora a mídia espontânea que ela acaba tendo. Mesmo que, na ficção, ela leve o nome de um outro lugar, cá entre nós, não tem como você ver essas praias daqui na tv e não identificar que é Arraial do Cabo, como diz o povo do Cabo, melhor só o céu (risos).

PCdS: Ser ator no interior é mais difícil do que nas metrópoles?

MM: Hummmm, deixa eu ver como posso te responder isso! Olha, claro que, a metrópole, ela te oferece mais recursos, é lá que a magia acontece, até mesmo pela logística, enfim. Mas, olha quantos artistas brilhantes temos aí que saíram do interior? Das comunidades? Mas foi exatamente o que eu fiz. Comecei aqui em Arraial, mas teve um certo momento em que precisei criar asas e me aprofundar mais, botar a cara pra bater. Foi aí que eu fui morar no Rio de Janeiro, pra viver isso mais de perto.

Quero pontuar um assunto importante também, o artista ele ainda sofre preconceito, em questões intelectuais. Algumas pessoas acham que estudar teatro, ser ator, ser artista é ser vagabundo, é porque não quer estudar, coisas desse tipo, sabe? É muito pelo contrário. A gente precisa estudar muito, ler muito, se dedicar muito e, o mais importante, amar o que faz.

Não é fácil ser ator! Quando algumas mães ou jovens chegam até a mim e falam “vou por minha filha no curso de teatro e tv” ou um jovem “quero ser ator pra ficar famoso”, eu já digo que está começando totalmente errado. Tem uma entrevista sensacional da brilhante Fernanda Montenegro que ela fala justamente disso, quando fazem esse tipo de pergunta pra ela, e a resposta dela foi “Desista”.

Ser ator é muito mais além disso,  você não precisa ser famoso para dizer que é artista. Isso é a “fama”, ela é consequência de um resultado do seu trabalho, de um processo que você vem tendo aos seus trabalhos bem realizados. Então, isso vai acontecer naturalmente. Até porque temos excelentes atores, atrizes, que são do teatro e não da tv. Volto a dizer que a raiz do ator é o teatro, ele será o seu divisor de águas, e é estudar, continuar estudando sempre.

PCdS: O que falta, na sua opinião, para aumentar a produção cultural na Região dos Lagos?

MM: Vou ser muito objetivo nessa resposta, “INCENTIVO” à cultura. Ela é sempre vista como última opção, de um modo geral. Esse tabu precisa ser quebrado em todos os cantos desse Brasil.

A ARTE ELA TRANSFORMA VIDAS, TRANSFORMOU A MINHA!

Tenho fé que isso será mudado, a longo ou a curto prazo, não sei! Mas tenho fé que, sim, será mudado. Aqui em Arraial do Cabo, por exemplo, atualmente vejo um resgate muito bom da nossa cultura popular, da nossa cultura raiz, e isso é fundamental em um município, não podemos deixar isso morrer nunca porque ela vem contada de gerações!

Claro que a cultura contemporânea também é primordial dentro da sociedade.

PCdS: Quais as diferenças de trabalhar para a tv e para o teatro?

MM: Na minha opinião, são as diferenças técnicas mesmo. No teatro, ele é “mais” e, na tv, o menos “é mais”. O teatro, de certa forma, te permite um estudo maior para os seus personagens, durante os ensaios e tudo mais. No teatro, você arranca aplausos durante e o no final de um espetáculo, você interage com a plateia, troca a energia com eles, isso é gratificante demais, é mágico!

Na tv, você só vê o resultado do seu trabalho quando ele é exibido. Porém, você ganha a “visibilidade”, um “reconhecimento” maior, sabe?! Na verdade, o ator mesmo tem que saber trabalhar tanto na tv, quanto no teatro.

PCdS: Quais os seus próximos passos?

MM: Continuar estudando muito, trabalhando muito. Atualmente, estou envolvido em um projeto incrível. Um longa, na verdade: “Fogo no Céu”. Ele teve que ser parado por conta da pandemia, e, hoje em dia, a gente sabe das dificuldades que é produzir um filme independente, mas o projeto é lindo. No elenco, só tem gente fera, esse filme é do Roberto Rowtree, um grande ator e diretor que me convidou.

Vou participar, esse ano, da encenação da Paixão de Cristo aqui de Arraial do Cabo, a convite do diretor Anderson Carvalho. Eu sempre como espectador e, agora, podendo contar essa história linda de Jesus. O barato disso tudo é que, no elenco, nem todos são atores ou atrizes, mas eles colocam tanto amor, tanta fé no trabalho, que o resultado é emocionante demais.

A encenação é apresentada pela Pastoral de Artes Sacras da Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Arraial do Cabo, inclusive, convido aqui toda a população e turistas que estarão presentes na cidade a assistir viu, farei o Caifás, quanta responsa.

Também, já já, entro em temporada com meu espetáculo de improviso “P.I.: Palavras Improvisadas”. 13 anos em cartaz e visto por mais de 700 mil pessoas. Digo que esse projeto é meu filho, estou nele com meus grandes amigos de palco e pessoais: Raffic Morais, Cleber Mota (nosso diretor), Rodolfo Vianna e Bruno Callhau, eles são incríveis.

Logo, vamos começar também os ensaios do espetáculo “Garotas em Sérios Apuros”. Uma comédia sensacional  do André Jotha, texto dele. Simbora (sic) trabalhar, e que 2022 seja muito positivo para todos nós.

Por Luiz Felipe Rodrigues- Estagiário sob supervisão de Renata Castanho

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